INVESTIGAÇÃO

CPI ouvirá na segunda-feira ex-secretário adjunto de saúde e entidade contratada em 2021

Ao lado de Saud e do secretário de Saúde, Fabrício Velasco é réu em duas ações de improbidade do MP; IBGC recebeu R$ 5 milhões da Prefeitura em 2021, para atuar em Campos do Jordão

Por Julio Codazzi | 09/11/2023 | Tempo de leitura: 4 min
Taubaté

Eduarda Visoto/CMT

CPI é dominada por vereadores da oposição
CPI é dominada por vereadores da oposição

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aberta pela Câmara de Taubaté para investigar as denúncias de irregularidade relacionadas às terceirizações promovidas na saúde pelo governo José Saud (MDB) irá promover na próxima segunda-feira (13) uma rodada dupla de depoimentos.

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A partir das 14h, devem ser ouvidos representantes do IBGC (Instituto Brasileiro de Gestão Compartilhada), que foi contratado pela Prefeitura de Taubaté em 2021.

Depois, às 19h, está previsto o depoimento do ex-secretário adjunto de saúde Fabrício Grasnele Galvão Velasco.

SECRETÁRIO ADJUNTO.
Fabricio Grasnele Galvão Velasco deixou o cargo de secretário adjunto de saúde em 2022, logo após o Ministério Público protocolar duas ações na Justiça contra as terceirizações. Ele é réu por improbidade administrativa nos dois processos.

Com o nome de Fabricio Enfermeiro, ele foi eleito vereador em Tremembé em 2016, pelo PL, e assumiu o cargo em 2017. Depois, chegou a se licenciar do mandato para atuar como secretário de saúde daquele município. Em 2020, pelo DEM (que depois fez fusão com o PSL e deu origem ao União Brasil), concorreu a prefeito de Tremembé, mas ficou em terceiro lugar.

Servidores da Prefeitura ouvidos pela CPI em junho e agosto fizeram uma série de apontamentos sobre a atuação de Velasco. Disseram, por exemplo, que o então secretário adjunto de saúde apresentava, antes mesmo das reuniões das comissões de licitação das terceirizações e do acompanhamento dos contratos, as atas prontas sobre o que seria discutido e a relação de pontos que cada entidade teria alcançado nas disputas - ou seja, qual OS (Organização Social) venceria cada certame. Desde a denúncia feita pelo MP, a reportagem busca contato com Velasco, mas o ex-secretário adjunto nunca se manifestou.

IBGC.
Em 2021, a Prefeitura de Taubaté pagou R$ 5,13 milhões para enviar pacientes com Covid-19 para o Complexo Municipal de Saúde de Campos do Jordão, entre os meses de agosto e outubro - ao todo, o convênio custou R$ 10,469 milhões nesses três meses, sendo o valor restante dividido entre a Prefeitura de Campos do Jordão (R$ 2,617 milhões) e o governo estadual (R$ 2,722 milhões).

Supostas irregularidades nesse convênio foram denunciadas pelo Comus (Conselho Municipal de Saúde) de Taubaté ao Ministério Público, que investiga o caso desde julho de 2022. Quem ficou responsável pela operação dos 40 leitos em Campos do Jordão foi o IBGC, que foi contratado pela Prefeitura de Taubaté.

Em outubro, com base em suspeitas de irregularidade relacionadas a esse convênio, a CPI aprovou que Saud passaria da condição de testemunha para a de investigado, o que abre brecha para solicitar a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do prefeito. Entre os fundamentos citados pela comissão estão: "fortes indícios de direcionamento na contratação emergencial" do IBGC, "como por exemplo o fato do termo de referência estar datado de 30/06/2021 e as cotações realizadas com mesma data"; apenas duas Organizações Sociais "foram consultadas, quando existiam mais de 10 qualificadas"; "houve sobra de vários medicamentos", no montante de R$ 1,5 milhão, "que não se sabe a destinação"; "não houve participação do Comus no processo de contratação"; e, ao mesmo tempo em que a Prefeitura pagava pelos leitos em Campos do Jordão, a ala Covid no PSM (Pronto Socorro Municipal) de Taubaté estaria "vazia".

CPI.
Criada em fevereiro desse ano e com prazo de conclusão até novembro de 2024, a CPI centrou os trabalhos inicialmente em duas ações de improbidade administrativa ajuizadas pelo Ministério Público em junho e julho de 2022. A primeira ação tem como foco o contrato emergencial firmado entre Prefeitura e Iesp (Instituto Esperança) no fim de fevereiro do ano passado. O instituto recebeu R$ 6,111 milhões para disponibilizar médicos para as quatro unidades de urgência e emergência do município. A segunda ação aponta supostas irregularidades nas licitações para terceirizar a gestão das quatro unidades.

Nessas ações, a Justiça determinou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e de dados de Saud, do secretário de Saúde Mário Peloggia, do ex-secretário adjunto de Saúde Fabricio Grasnele Galvão Velasco, do ex-diretor de Saúde Fabio Henrique da Cruz, do Iesp e do INCS (Instituto Nacional de Ciência da Saúde). Todos os denunciados negaram à Justiça qualquer irregularidade.

Dos citados nas ações, Fábio Henrique da Cruz foi ouvido pela CPI em agosto, mas há a possibilidade de ser convocado novamente. Representantes do INCS e do Iesp também já prestaram depoimento à comissão, em junho e setembro, respectivamente. A comissão tentou ouvir Saud duas vezes em outubro, mas o prefeito não compareceu. Em relação ao secretário de Saúde, foram três tentativas - em agosto Peloggia alegou problemas na agenda, e em duas ocasiões em outubro apresentou atestado médico.

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