SEM LIMINAR

TJ nega pedido de Saud, que queria suspensão da CPI que apura terceirizações da saúde

Essa já é a segunda decisão contrária da Justiça a pedidos do prefeito para a paralisação das investigações; Saud afirmou que irá recorrer outra vez

Por Julio Codazzi | 23/10/2023 | Tempo de leitura: 3 min
Taubaté

Caique Toledo/OVALE

O prefeito de Taubaté, José Saud (MDB)
O prefeito de Taubaté, José Saud (MDB)

O Tribunal de Justiça rejeitou nessa segunda-feira (23) o pedido do prefeito de Taubaté, José Saud (MDB), para que fosse suspensa a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aberta pela Câmara para investigar as denúncias de irregularidade relacionadas às terceirizações promovidas na saúde.

Na decisão, o desembargador Spoladore Dominguez, relator do processo na 13ª Câmara de Direito Público do TJ, apontou que "deve prevalecer, por ora, a presunção de legalidade e legitimidade inerente aos atos administrativos" da CPI, "já que, em análise superficial, todos os requisitos para a instauração e processamento da investigação foram observados (quórum para criação, objeto certo e determinado, prazo certo e poderes próprios)".

À reportagem, Saud alegou que deverá apresentar novo recurso, para insistir na suspensão da CPI. "Vamos seguir até o STF [Supremo Tribunal Federal]. Vou lutar até o fim pelo que acredito".

INSISTÊNCIA.
O recurso ao TJ havia sido apresentado na semana passada e contestava a decisão de primeira instância que já havia negado, em setembro, o pedido de suspensão da CPI.

No recurso, o prefeito repetia os argumentos de que o requerimento que pediu a abertura da comissão não teria delimitado o fato a ser investigado, o prazo para conclusão dos trabalhos violaria o princípio constitucional da duração razoável dos processos, as diligências teriam avançado sobre entidades privadas e também teria havido violação ao princípio da ampla defesa.

Em setembro, ao rejeitar o pedido na primeira instância, o juiz Jamil Nakad Junior, da Vara da Fazenda Pública, apontou que "não cabe ao Judiciário, muito menos em sede de cognição limitada, sumária, suspender os trabalhos de investigação, já que, a princípio, todos os requisitos para a sua instauração e processamento foram observados (quórum para criação, objeto certo e determinado, prazo certo e poderes próprios)". O magistrado apontou ainda que, "como bem exposto pelo Ministério Público, não se pode, por ora, afastar a existência de fato certo a ser investigado. Somente com o aprofundamento das investigações é que se poderá descobrir a verdade sobre a existência, ou não, de conduta atentatória ao interesse público no tocante à apuração de eventuais irregularidades e ilegalidades dos chamamentos públicos para gestão, operacionalização e execução de serviços assistenciais de interesse da área da saúde pública de Taubaté que culminaram na contratação das Organizações Sociais".

CPI.
Criada em fevereiro desse ano e com prazo de conclusão até novembro de 2024, a CPI centrou os trabalhos inicialmente em duas ações de improbidade administrativa ajuizadas pelo Ministério Público em junho e julho de 2022. A primeira ação tem como foco o contrato emergencial firmado entre Prefeitura e Iesp no fim de fevereiro do ano passado. O instituto recebeu R$ 6,111 milhões para disponibilizar médicos para as quatro unidades de urgência e emergência do município. A segunda ação aponta supostas irregularidades nas licitações para terceirizar a gestão das quatro unidades.

Nessas ações, a Justiça determinou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e de dados de Saud, do secretário de Saúde Mário Peloggia, do ex-secretário adjunto de Saúde Fabricio Grasnele Galvão Velasco, do ex-diretor de Saúde Fabio Henrique da Cruz, do Iesp e do INCS (Instituto Nacional de Ciência da Saúde). Todos os denunciados negaram à Justiça qualquer irregularidade.

Dos citados nas ações, Fábio Henrique da Cruz foi ouvido pela CPI em agosto, mas há a possibilidade de ser convocado novamente. Representantes do INCS e do Iesp também já prestaram depoimento à comissão, em junho e setembro, respectivamente. A oitiva de Velasco está prevista para o dia 13 de novembro.

Receba as notícias mais relevantes de Vale Do Paraíba e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.