PREVIDÊNCIA

TCE determina fim de abatimento em aporte e que Prefeitura devolva R$ 1,4 bilhão ao IPSM

Tribunal de Contas entendeu que lei criada em outubro de 2017 por Felicio para reduzir valor de aportes da Prefeitura é irregular e tem promovido ‘sangria’ na previdência municipal

Por Julio Codazzi | 20/10/2023 | Tempo de leitura: 2 min
São José dos Campos

Claudio Vieira/PMSJC

Sede do IPSM (Instituto de Previdência do Servidor Municipal)
Sede do IPSM (Instituto de Previdência do Servidor Municipal)

O TCE (Tribunal de Contas do Estado) determinou que a Prefeitura de São José dos Campos deixe de aplicar, imediatamente, uma lei de 2017 que permitiu que aplicações financeiras do IPSM (Instituto de Previdência do Servidor Municipal) fossem deduzidas de aportes que o município precisa fazer para o órgão.

O TCE determinou ainda que a Prefeitura restitua, em até cinco anos, os valores abatidos com base nessa lei - segundo levantamento da reportagem, entre outubro de 2017 e agosto de 2023, o montante somou R$ 1,4 bilhão (valor que ainda precisará ser corrigido).

A decisão do auditor Antonio Carlos dos Santos, emitida na análise das contas de 2021 do IPSM, ainda determinou que o Ministério Público seja notificado para avaliar uma ação contra a lei - o TCE apontou que uma norma semelhante de Campinas foi considerada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça.

APORTES.
Antes da lei em questão, que é de autoria do ex-prefeito Felicio Ramuth (PSD), atual vice-governador, o cálculo de eventual aporte era simples: a Prefeitura precisava fazer repasses mensais ao instituto sempre que a receita do órgão fosse inferior à despesa.

Para reduzir a necessidade dos aportes, a lei de outubro de 2017 passou a permitir que, de eventual diferença entre receita e despesa, seja deduzido o excedente financeiro (tudo que o IPSM obtiver além da meta com suas aplicações de recursos) ou dois terços do total de rendimentos (correção monetária e juros das aplicações do instituto).

Esse abatimento foi de R$ 23 milhões em 2017, R$ 215 milhões em 2018, R$ 334 milhões em 2019, R$ 394 milhões em 2020, R$ 151 milhões em 2021, R$ 171 milhões em 2022 e já atingiu R$ 112 milhões até agosto de 2023.

DECISÃO.
Para o auditor do TCE, a lei tem promovido "uma sangria da maior parte dos rendimentos" do IPSM, prejudicando as "reservas matemáticas" do instituto - que caíram de R$ 2,1 bilhões para R$ 1,4 bilhão desde que a norma entrou em vigor.

O auditor apontou ainda que se trata de "prática irregular", que contraria normas do Ministério da Previdência Social e configura "afronta ao princípio da preservação do equilíbrio financeiro e atuarial bem como da gestão fiscal responsável".

Procurados pela reportagem, o IPSM, a Prefeitura e Felicio não se manifestaram.

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9 COMENTÁRIOS

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  • Jesuína Reis
    23/10/2023
    Os Senhores responsável por esse fracasso para os funcionários Públicos já é hora de refazer e ser justo consigo mesmo. E nós aguardamos Qto antes a situação dos aposentados está cada dia pior. E ore pra Deus ter misericórdia de vcs.
  • Jéssica Marques
    23/10/2023
    Felicio Ramuth e Anderson Farias deveriam ter vergonha do que estão fazendo com os servidores municipais. Tirar direitos previdenciários daqueles que trabalharam a vida toda é cruel. Devolvam os 14% já!
  • Maria Inês Campos
    21/10/2023
    Os 14% de desconto fazem muita falta, o qual não seria mais descontado depois da aposentadoria, mais o Sr. FELICIO fez a maldade de mudar o estatuto do servidor
  • José Afonso da Silva
    21/10/2023
    Ta aí, este que ontem era prefeito, que delapidou o nosso patrimônio , e este de hoje que continua a delapidar
  • Maria Rita
    21/10/2023
    A justiça foi feita para os aposentados idosos do IPSM.
  • Mariza de Souza Santos
    21/10/2023
    A administração de Felicio Ramuth foi covarde com o servidor público, nunca fomos tão desrespeitadas como fomos por ele e o Sr Anderson Farias continua a nos humilhar!
  • LUIZ Carlos
    20/10/2023
    Os ventos estão mudando depois de 4 anos de imbecilidades, sindicato sempre nos apoiando.
  • Valter de Carvalho
    20/10/2023
    Sem contar que ainda fazem um desconto de 14% do salário do aposentado no qual nos muitíssima falta em nossa mesa,medicamentos etc...
  • Donizetti Aparecido de Sousa
    20/10/2023
    O Sindserv sempre esteve certo denunciando o rombo no ipsm