SEM DEPOIMENTOS

CPI: Saud e Peloggia não comparecem; prefeito cita agenda lotada, e secretário, atestado

Comissão que investiga supostas irregularidades em terceirizações definiu que fará na próxima semana uma última tentativa de ouvir o prefeito e o secretário de Saúde

Por Julio Codazzi | 16/10/2023 | Tempo de leitura: 4 min
Taubaté

João Victor Mercê/CMT

Depoimentos do prefeito e do secretário estavam previstos para essa segunda-feira
Depoimentos do prefeito e do secretário estavam previstos para essa segunda-feira

O prefeito de Taubaté, José Saud (MDB), e o secretário municipal de Saúde, Mário Peloggia, não compareceram para prestar depoimento na manhã dessa segunda-feira (16) à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aberta pela Câmara para investigar as denúncias de irregularidade relacionadas às terceirizações promovidas no setor.

Saud, que pela legislação não pode ser convocado, não respondeu ao convite feito pela CPI. Já Peloggia, que havia sido convocado e confirmado presença, apresentou um atestado médico válido até quarta-feira (18).

Essa já era a segunda tentativa de ouvir Peloggia. A primeira foi no fim de agosto, mas na ocasião o secretário alegou problemas de agenda. A CPI definiu que fará na próxima segunda-feira (23), às 14h, uma última tentativa de ouvir Saud e Peloggia. "Quem não deve, não teme. seria muito bom se eles estivessem aqui", disse o presidente da comissão, o vereador Moises Pirulito.

JUSTIFICATIVAS.
Procurado pela reportagem, Saud alegou que não compareceu à CPI por problemas de agenda. "Recebo convite um atrás do outro, e acompanho a agenda. Tenho uma agenda grande hoje, tenho que estar em São Paulo [no fim da tarde], e aí concentrei toda minha agenda [em Taubaté] na parte da manhã, nem estou acompanhando lá [a CPI]. Infelizmente não consigo, minha agenda é muito lotada e não dá para aceitar todos os convites".

O prefeito também criticou a CPI, alegando que a investigação da comissão seria desnecessária, pois o caso já foi alvo de denúncias do Ministério Público à Justiça. "É uma coisa que, para mim, está inócua, porque já tem uma condução lá dentro do Ministério Público, e aquilo lá [a CPI] está uma redundância".

Em nota, a Secretaria de Saúde afirmou que "Peloggia apresentou um pico de pressão arterial" nessa madrugada, "esteve em consulta no Hospital Regional, por isso apresentou atestado que justifica sua ausência".

CPI.
Criada em fevereiro desse ano e com prazo de conclusão até novembro de 2024, a CPI centrou os trabalhos inicialmente em duas ações de improbidade administrativa ajuizadas pelo Ministério Público em junho e julho de 2022. A primeira ação tem como foco o contrato emergencial firmado entre Prefeitura e Iesp no fim de fevereiro do ano passado. O instituto recebeu R$ 6,111 milhões para disponibilizar médicos para as quatro unidades de urgência e emergência do município. A segunda ação aponta supostas irregularidades nas licitações para terceirizar a gestão das quatro unidades.

Nessas ações, a Justiça determinou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e de dados de Saud, do secretário de Saúde Mário Peloggia, do ex-secretário adjunto de Saúde Fabricio Grasnele Galvão Velasco, do ex-diretor de Saúde Fabio Henrique da Cruz, do Iesp e do INCS (Instituto Nacional de Ciência da Saúde). Todos os denunciados negaram à Justiça qualquer irregularidade.

Dos citados nas ações, Fábio Henrique da Cruz foi ouvido pela CPI em agosto, mas há a possibilidade de ser convocado novamente. Representantes do INCS e do Iesp também já prestaram depoimento à comissão, em junho e setembro, respectivamente. A oitiva de Velasco está prevista para o dia 13 de novembro.

JUSTIÇA.
No início de setembro, Saud ajuizou uma ação para pedir que a Justiça suspenda - e posteriormente anule - a CPI, sob a alegação de que requerimento que pediu a abertura da comissão não teria delimitado o fato a ser investigado, o prazo para conclusão dos trabalhos violaria o princípio constitucional da duração razoável dos processos, as diligências teriam avançado sobre entidades privadas e também teria havido violação ao princípio da ampla defesa.

No fim do mês passado, o pedido de suspensão foi rejeitado pelo juiz Jamil Nakad Junior, da Vara da Fazenda Pública, que apontou que "não cabe ao Judiciário, muito menos em sede de cognição limitada, sumária, suspender os trabalhos de investigação, já que, a princípio, todos os requisitos para a sua instauração e processamento foram observados (quórum para criação, objeto certo e determinado, prazo certo e poderes próprios)".

O magistrado apontou ainda que, "como bem exposto pelo Ministério Público, não se pode, por ora, afastar a existência de fato certo a ser investigado. Somente com o aprofundamento das investigações é que se poderá descobrir a verdade sobre a existência, ou não, de conduta atentatória ao interesse público no tocante à apuração de eventuais irregularidades e ilegalidades dos chamamentos públicos para gestão, operacionalização e execução de serviços assistenciais de interesse da área da saúde pública de Taubaté que culminaram na contratação das Organizações Sociais".

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