HABITAÇÃO

Sob pressão, prefeito de Campinas agora admite ampliar casa de 15 m² e ajudar morador

Por Xandu Alves | Campinas
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Construção das casas de 15 metros quadrados
Construção das casas de 15 metros quadrados

Após intensa pressão da opinião pública, chancelada por especialistas em arquitetura e urbanismo, o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), já admite fornecer apoio material e técnico para os moradores do Residencial Mandela ampliarem as casas embriões de 15 metros quadrados.

O novo loteamento está sendo construído no distrito do Ouro Verde para abrigar mais de 450 pessoas da Ocupação Mandela – há famílias com até sete integrantes. Estão sendo erguidas 116 moradias com 15 m² cada uma, em lotes de até 90 m².

Depois de informar que estava “estudando” fornecer uma planta para a ampliação do imóvel, agora a prefeitura diz que os moradores também terão um kit para a construção, mas sem dar detalhes de como será o benefício. A mão de obra para aumentar a casa embrião será de responsabilidade do morador.

Desde que a polêmica das casas embriões explodiu no país, no começo de junho, após série de reportagens de OVALE revelar que as moradias descumprem diretrizes da ONU (Organização das Nações Unidas), o prefeito de Campinas vem sofrendo pressão para aumentar o projeto habitacional destinados a pessoas de baixa renda.

O tamanho dos imóveis foi criticado por especialistas da USP (Universidade de São Paulo) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), entre outras instituições ouvidas pela reportagem de OVALE. Eles classificaram as casas como ‘inaceitáveis’ e ‘moradias doentes’ em razão do tamanho inadequado.

Contudo, a postura da prefeitura mudou nas últimas semanas após a repercussão negativa que o caso ganhou em todo o país, com dezenas de matérias em veículos de imprensa e críticas ao prefeito de Campinas nas redes sociais.

Um dos críticos mais duros foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que falou sobre as casas de Campinas em duas oportunidades. “Imagina 15m² para uma família. Significa que esse prefeito não entende de pobre. Significa que esse prefeito não é um cara humano”, disse o presidente.

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INFLEXÃO

Diante da avalanche de críticas, a Prefeitura de Campinas passou a informar que oferecerá apoio técnico e material para que as famílias aumentem as casas tão logo recebam os imóveis, o que estava previsto para ocorrer até o final de junho, prazo que deve atrasar.

Trata-se de ponto de inflexão na postura do governo Dário, que cedeu à pressão e apresentou a possibilidade de melhorar os imóveis.

Antes da polêmica envolvendo as casas de 15 m², a posição da Cohab (Companhia de Habitação Popular) de Campinas era de que estava “estudando” o fornecimento da planta para que os moradores do Residencial Mandela ampliassem as casas, sem qualquer indicação de apoio financeiro ou técnico.

“A Cohab estuda a possibilidade de oferecer plantas (desenho técnico de construção) para que os proprietários possam, futuramente, aumentar o imóvel”, informou a prefeitura em 18 de maio.

Tais apoios foram cobrados pelos especialistas ouvidos por OVALE. Para eles, as famílias não têm condições financeiras de aumentar os imóveis sem o auxílio da prefeitura.

Com a polêmica provocada pela série de reportagens, o governo municipal mudou sua postura, sinalizando para melhorias nos imóveis após as casas serem entregues.

Em nota enviada no dia 21 de junho, após 18 dias da primeira reportagem de OVALE sobre as casas de 15 m², a Prefeitura de Campinas disse que os imóveis “não são casas prontas” e se comprometeu a ajudar os moradores a ampliá-los.

“Os embriões são imóveis de 15 metros quadrados, com um banheiro e um cômodo com janela, considerados a etapa inicial de construção de uma residência. Cada terreno com o embrião tem 90 metros quadrados e a família terá a planta para a ampliação do imóvel, assessoria técnica e um kit de materiais”, informou a administração.

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