A poda de uma figueira de grande porte no distrito de Barão Geraldo, em Campinas, provocou uma onda de protestos de moradores e críticas de ambientalistas.
Com 12 metros de altura e cerca de 10 metros de diâmetro em seu tronco, a árvore é exótica e aparenta ter cerca de 60 anos, segundo especialistas.
A árvore está plantada em área central do distrito e é considera um símbolo de Barão Geraldo, de grande valor histórico e cultural para os moradores.
Segundo o DPJ (Departamento de Parques e Jardins) da Prefeitura de Campinas, a poda da figueira foi iniciada em 21 de agosto e levou três dias para ser executada.
A avaliação do DPJ era de que a árvore precisava ser podada por apresentar “sintomas de declínio como perda constante de folhas, secamento, apodrecimento e quedas de galhos”.
RISCO
No entanto, o corte foi considerado exagerado e possível de colocar em risco a sobrevivência da árvore, que teve todos os galhos cortados. Ambientalistas alegam que a figueira não tolera uma poda drástica.
“A figueira era um símbolo de Barão e foi destruída sob a falsa justificativa de uma ‘poda’. Provavelmente a intervenção da prefeitura matou a árvore, mais uma”, disse a vereadora Mariana Conti (PSOL).
Ela apresentou um pedido na Câmara para convocar o secretário de Serviços Públicos de Campinas, Ernesto Dimas Paulella, a dar explicações sobre a poda da árvore.
“Se a árvore representava um risco às pessoas, e a segurança de fato vem em primeiro lugar, isso precisa ser confirmado por um laudo técnico, como determina a lei, que justifique e aponte para uma intervenção adequada. Exigi o laudo como determina a lei e cobrei que secretário Ernesto Paulella venha à Câmara explicar essa e tantas outras extrações de árvores.”
Segundo Mariana, o corte em Barão Geraldo foi realizado em meio a outras polêmicas envolvendo a supressão de árvores em toda a cidade, como a retirada na avenida. Francisco Glicério, na rua Abolição, no Bosque dos Jequitibás e na Lagoa do Taquaral.
“A prefeitura tem acumulado ações destrutivas das árvores e matas da cidade. Esse é um modelo de cidade retrógrado. Vivemos tempos de secas e queimadas, chuvas torrenciais e enchentes, doenças respiratórias e outras. Quando Dário [Saadi, prefeito de Campinas] devasta as árvores urbanas e áreas verdes de Campinas, contribui para esses eventos. É preciso parar agora e recuperar o que foi destruído”, afirmou a vereadora.
OUTRO LADO
Em nota, a Secretaria de Serviços Públicos de Campinas informou que a figueira (Ficus elastica) é exótica, de grande porte e que foi podada, e não será extraída.
“A árvore foi podada pela equipe técnica do Departamento de Parques e Jardins porque estava apresentando apodrecimento, secamento nas pontas dos galhos e perda constante de folhas – foi acometida de um ataque de fungos que levou ao secamento da parte aérea, com iminente risco de queda. O trabalho foi concluído”, afirmou a pasta.
De acordo com a secretaria, a poda foi feita para evitar que os galhos caíssem e pudessem oferecer risco a pedestres e motoristas.
“Além da questão da segurança, a poda também é para recuperar a copa da árvore e estimular o crescimento de novos brotos.”
"A poda ocorreu porque a figueira já estava em franco declínio vegetativo, com doença fúngica constatada. Nós temos que prezar pela segurança da população. A árvore está em uma área de extremo fluxo de pessoas e veículos. Realizamos a poda no tempo correto, com intuito de oferecer segurança à população e a restauração do indivíduo arbóreo", disse João Pedro Serrano, engenheiro florestal da Secretaria de Serviços Públicos de Campinas.
Árvore antes de ser podada em Campinas / Divulgação