Editorial

A planta é a ‘semente’

Ao apontar que as casas embriões ferem diretrizes da ONU, OVALE mostra que tem um lado: o das famílias do Mandela

24/06/2023 | Tempo de leitura: 2 min
São José dos Campos

Brotou. A planta, finalmente, brotou. Sob pressão, a Prefeitura de Campinas disponibilizou à reportagem de OVALE a planta das casas embriões, que estão sendo erguidas no distrito Ouro Verde para abrigar 116 famílias da Comunidade Mandela, um total de 450 pessoas. Como revelou OVALE, em sua manchete na capa da superedição do dia 3 de junho, as casas embriões de 15 m² violam diretrizes estabelecidas pela ONU (Organização das Nações Unidas). E mais: as casas são classificadas como ‘inaceitáveis’ e ‘moradias doentes’ por especialistas de instituições como a USP (Universidade de São Paulo) e a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), entre outras.

No dia 5 de julho, a reportagem de OVALE solicitou à prefeitura o acesso à planta das casas embriões -- pedido esse negado pelo governo Dário Saadi (Republicanos), sob a justificativa de que se tratava de um projeto ‘autoral’ e, que por isso, não poderia ser divulgado. Diante desta alegação ‘sem pé nem cabeça’ da prefeitura, o jornal entrou então com um pedido via LAI (Lei de Acesso à Informação), no dia 7, para obter a planta. Essa foi a manchete da superedição do dia 10 -- ‘Casa embrião: prefeitura mantém planta em sigilo’. Por que esconder?

Por lei, o Poder Executivo tinha prazo de 20 dias, prorrogável por mais 10, para responder o pedido da reportagem -- trata-se do mesmo expediente legal já utilizado por OVALE em casos anteriores, como, por exemplo, na ‘Farra das Viagens’, da Câmara de Taubaté, revelado em 2018, após um ano de obstinada batalha do jornal em nome da transparência de gastos feitos com o dinheiro público. 

A série de reportagens de OVALE, realizada em parceria com a Sampi Campinas, ‘viralizou’ rapidamente, abalando a estrutura do Palácio dos Jequitibás, a espaçosa sede do Executivo campineiro, e provocando indignação junto à opinião pública brasileira. Como uma casa de 15 m² poderá abrigar até sete pessoas?

Nesta última quarta-feira, dia 21, alegando um ‘equívoco’, a prefeitura disponibilizou a planta das casas embriões a OVALE -- como já seria obrigada a fazer diante do pedido via LAI.  Hoje, o jornal faz questão de publicá-la.

Com a força de seu DNA editorial, composto do diário exercício de um jornalismo livre, independente, plural, crítico e apartidário, OVALE tem lado nessa cobertura: o dos moradores. E que essa já histórica cobertura jornalística seja semente. Que as casas sejam ampliadas adequadamente.

Que a planta frutifique, em tijolos e letras de manchete de jornal.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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