POLITICANDO

Na política, o aliado de hoje pode ser o rival de amanhã, e vice-versa

Tanto em São José quanto em Taubaté, rearranjo de forças tem afastado antigos aliados e aproximado velhos rivais nos últimos anos

Por Julio Codazzi | 09/06/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Divulgação/Agência Brasil

Urna eletrônica
Urna eletrônica

No começo de 2016, semana sim, semana não, alguém ligado ao PSDB de São José dos Campos ligava para a redação do jornal com a informação de que o então prefeito Carlinhos Almeida havia trocado o PT pelo PSD. Naquela época, com o Partido dos Trabalhadores derretendo em meio à Lava Jato, esse movimento foi feito por muitos mandatários petistas no interior paulista.

Para os tucanos de São José, a simples possibilidade de Carlinhos fazer o mesmo seria algo vexaminoso, como se tentasse mascarar a ligação com o petismo indo para um novo partido. A história nunca se comprovou. Carlinhos ficou no PT e, como todos os prefeitos paulistas que fizeram o mesmo, acabou derrotado na eleição daquele ano.

Seis anos depois, era o PSDB que derretia, espremido pela polarização entre petismo e bolsonarismo. Uma ala do partido em São José decidiu, então, trocar de sigla. Ironicamente, a tábua da salvação foi o PSD, que recebeu Felicio Ramuth, Anderson Farias e companhia.

O rearranjo não terminou. De olho em 2024, o PSD de São José centra fogo - nos bastidores - em antigos aliados dos tempos de PSDB, como o ex-prefeito Eduardo Cury e o ex-vereador Dr. Elton, que agora é deputado estadual. Tudo isso porque uma pesquisa feita por OVALE mostrou que Cury e Elton são nomes fortes para a eleição do ano que vem. Por outro lado, também ironicamente, parte da ala que segue no PSDB agora se uniu ao PT para fazer oposição ao PSD na Câmara.

Em Taubaté, não é diferente. Em 2016, temendo que a Justiça Eleitoral barrasse a candidatura do então prefeito Ortiz Junior, um grupo de vereadores abandonou o governo no fim do mandato e apoiou Pollyana Gama, que era da oposição. Passada a disputa, com Ortiz reeleito, esses parlamentares voltaram a fazer parte da base aliada ao tucano.

Hoje, esse mesmo grupo de vereadores faz parte da base de apoio do atual prefeito, José Saud. E sabe como eles justificam os problemas do governo de ocasião? Dizem que tudo é culpa de uma suposta herança maldita deixada por Ortiz, como um empréstimo de centenas de milhões de reais para pagar (que eles autorizaram) e outras dívidas também milionárias, como aquela com o instituto de previdência do município (calote para o qual eles faziam vista grossa antes).

Esse vaivém de alianças também pode ocorrer dentro do Palácio do Bom Conselho. Três secretários municipais (Capitão Souza, Digão e Gabriel Pinelli), além da vice-prefeita Adriana Mussi, cogitam concorrer contra Saud na eleição de 2024.

Por isso, não se espante. Até o ano que vem, atuais aliados provavelmente passarão a caminhar em lados opostos. E outros políticos, que hoje são rivais, aparecerão abraçados pedindo seu voto.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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