O bolinho caipira, um quitute tão apreciado nas festas juninas, é considerado um verdadeiro patrimônio gastronômico de São José dos Campos e outras cidades da região. Presente em todas as festividades, essa iguaria crocante e recheada com carne moída bem-temperada é disputada pelos participantes das quermesses do Vale do Paraíba e sul de Minas Gerais.
Apesar de sua popularidade na região, poucos sabem da verdadeira origem do bolinho caipira. Em 1999, o jornal OVALE apurou sobre a criação dessa iguaria. Segundo a folclorista Ângela Savastano, o salgado foi criado no Vale do Paraíba e era originalmente servido durante a Semana Santa. O bolinho alimentava os fiéis que passavam a noite em vigília em frente à igreja matriz, entre a Sexta-Feira Santa e o Sábado de Aleluia. As barraquinhas montadas atrás da igreja ofereciam o bolinho como um sustento para os devotos.
De acordo com Ângela, a receita original consistia em uma massa de farinha de milho umedecida com água temperada. Essa massa envolvia um lambari cru, deixando a cabeça e o rabo do peixe para fora. Durante a vigília, os devotos não consumiam carne vermelha, então o peixe era utilizado como recheio. No entanto, à medida que o rio Paraíba se tornou menos farto, a carne moída substituiu o peixe como recheio do bolinho.
Com o passar do tempo, o bolinho caipira sofreu adaptações e ganhou outras variações de recheio. Além da carne moída, queijo, linguiça calabresa, frango desfiado e cogumelos passaram a ser utilizados para agradar aos diferentes paladares. Cada cidade da região tem sua própria variação, mantendo viva a tradição e a diversidade culinária local.
Apesar das mudanças, a presença dessa delícia gastronômica persiste nas festas juninas do Vale do Paraíba.
Em Jacareí, o bolinho caipira é considerado patrimônio cultural imaterial, evidenciando sua importância e valor cultural para a cidade. Lá, o recheio tradicional é feito com linguiça, mas também é possível encontrar versões vegetarianas e de queijo, atendendo a diferentes preferências alimentares.
