EDITORIAL

A guerra às facções

Poder público venceu importante batalha contra crime organizado, mas ainda está longe de vencer a guerra

25/03/2023 | Tempo de leitura: 2 min

A guerra às facções
A guerra às facções

Uma batalha importante foi vencida pelo poder público na última quarta-feira, quando a Polícia Federal prendeu nove suspeitos de participar de um plano do PCC (Primeiro Comando da Capital) que envolvia sequestrar e matar ao menos 11 pessoas, entre agentes públicos e autoridades.

Apesar dessa vitória das forças de segurança e de inteligência, que merece ser comemorada, a ousadia dos bandidos e a estrutura gigantesca que as facções mantêm atualmente no país mostram que a guerra contra o crime organizado está longe de ser vencida. Aliás, até agora, pode-se concluir - infelizmente - que estamos perdendo.

Essa ideia de sequestrar e matar agentes públicos e autoridades, que começou a ser arquitetada em 2022, era o plano B do PCC. O plano A, discutido desde 2019, era resgatar Marcola, líder da facção, que cumpre pena no presídio federal de Brasília. Só para o plano A, o investimento seria de R$ 60 milhões, dinheiro oriundo do tráfico de drogas.

Para o plano B, o valor despendido foi de pelo menos R$ 1,2 milhão. Um dos alvos seria o promotor Lincoln Gakiya, que desde os anos 2000 investiga o grupo. Foi Gakiya quem pediu, em 2018, que Marcola e outros 21 líderes do PCC fossem transferidos para presídios federais.

A remoção, determinada pela Justiça de São Paulo, ocorreu em fevereiro de 2019. Outro alvo era o senador Sérgio Moro, que proibiu visitas íntimas nos presídios federais em 2019, quando era ministro da Justiça.

O PCC foi fundado em agosto de 1993 na antiga Casa de Custódia de Taubaté, por oito presos. Menos de 30 anos depois, a facção tem 112 mil membros e atua em 24 estados e no Distrito Federal, sendo a mais dominante do país. No começo da década de 2000, o faturamento anual da organização criminosa estava na faixa de R$ 6 milhões.

Agora, já ultrapassou R$ 1 bilhão. Em 2006, o PCC articulou rebeliões em 74 penitenciárias do estado, o que resultou em uma onda de ataques que deixou 564 mortos em apenas 10 dias. No mesmo ano, sequestrou um repórter da TV Globo e obrigou a maior emissora do país a exibir um manifesto da facção em rede nacional.

Para enfraquecer o PCC e as outras 52 facções criminosas que agem no país, o poder público precisará ganhar mais batalhas, principalmente nas fronteiras, impedindo a entrada de drogas e armas no Brasil - além de reformular o sistema prisional. Só assim nos aproximaremos de vencer essa guerra.

Neste processo, é fundamental seguir a trilha do dinheiro e asfixiar o caixa dos criminosos.

Além disso, é preciso que exista a compreensão de que a guerra ao PCC deve ser uma prioridade, com a cooperação dos poderes e forças de segurança, governo federal e estados.

Portanto, neste episódio, é de se lamentar os posicionamentos adotados por Lula, que colocou em dúvida, sem provas, a ameaça a um senador, agiu não como presidente da República, e sim como alguém cegado pelo sentimento de revanchismo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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