EDITORIAL

Votos de democracia

Decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sepulta os pedidos do PL, mas bolsonarismo inflama sua militância

02/12/2022 | Tempo de leitura: 2 min

Vinte dias. Esse foi o período em que o ainda presidente da República, Jair Bolsonaro, ficou sem pisar no Palácio do Planalto, a sede do governo federal.

A desculpa oficial era de que Bolsonaro estava afastado devido a feridas nas pernas, causadas por uma erisipela. Mas o fato é que, desde que foi derrotado nas urnas por Lula, o presidente deixou de trabalhar.

Trancado no Palácio da Alvorada, onde residirá somente até o fim de dezembro, Bolsonaro abdicou até das tradicionais lives de quinta-feira. Nessas quase três semanas, a preocupação dele era tentar achar um jeito de anular a eleição em que foi superado pelo petista. Após o relatório das Forças Armadas não apontar nenhuma fraude nas urnas, o presidente passou a concentrar esperanças no material que era produzido pelo IVL (Instituto Voto Legal), uma consultoria privada contratada pelo PL ainda em agosto, ao custo de R$ 1,3 milhão.

Na manhã da última terça-feira, Bolsonaro interrompeu seu período de isolamento para receber o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o engenheiro responsável pelo IVL, Carlos Rocha. No encontro, foi definida a estratégia da ação golpista que seria protocolada horas depois no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para pedir a anulação de votos de mais de 59% dos votos do segundo turno da eleição desse ano.

Como num passe de mágica, e sem qualquer prova de fraude, Bolsonaro queria anular os votos de mais da metade dos eleitores brasileiros, em um atentado contra a democracia que, pela projeção do IVL, o faria sair da posição de derrotado para a de vencedor do segundo turno. Diante de um pedido tão esdrúxulo, irrazoável e ilegal, foi correta a decisão do presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes, que rejeitou a ação e aplicou multa de R$ 22,9 milhões ao PL por má-fé.

Como bem pontuou o ministro, é "inconcebível e inconstitucional" que os partidos políticos, que são financiados por recursos públicos, sejam utilizados "para satisfação de interesses pessoais antidemocráticos e atentatórios ao Estado de Direito, à Justiça Eleitoral e a soberana vontade popular" de 156 milhões de eleitores.

Em seus últimos dias de mandato, Bolsonaro deixou claro que nunca teve vocação para ser presidente. O objetivo dele era apenas se manter no poder, a qualquer custo. Por isso, a derrota desse golpismo é uma vitória para a democracia..

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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