Editorial

Temos fé na democracia

Transformado em uma 'guerra santa', cruzada pelo voto peca ao tentar sequestrar a fé do eleitor e não debater país

15/10/2022 | Tempo de leitura: 2 min

Caíque Toledo / OVALE

Eu contemplo com reverência soberana que age de todo o povo americano, que declarou que sua legislatura deve 'fazer nenhuma lei respeitando um estabelecimento da religião, ou proibindo o seu livre exercício', assim, construindo um muro de separação entre Igreja e Estado.

Foi essa frase, escrita pelo terceiro presidente dos Estados Unidos, Thomas Jefferson, que serviu para criar o termo 'separação Igreja-Estado', que consiste em uma doutrina que estabelece que as instituições religiosas e o governo devem ser mantidos separados e independentes uns dos outros.

Essa doutrina combina dois princípios fundamentais de uma democracia: o Estado laico e a liberdade religiosa. Em resumo, o Estado não tem uma religião oficial e trata todas os seus cidadãos de maneira igual, independentemente de sua crença.

A República Federativa do Brasil, que é um Estado laico, terá seu novo presidente definido no próximo dia 30. Mas nesse segundo turno, em vez de serem discutidas as soluções para os principais problemas do país, o eleitor se vê em meio a uma 'guerra santa'.

Essa estratégia visa enganar o eleitor, tirar o foco das questões cruciais. O que importa, na verdade, é debatermos temas como economia, saúde e educação. Soluções para acabar com a fome e o desemprego. A 'guerra santa' é a aposta de quem não tem projetos para o país. E de quem não tem pudor de usar a fé alheia como trunfo político.

No último dia 12, Aparecida foi palco de um triste episódio. No Dia da Padroeira, data mais importante do ano para os católicos brasileiros, tentaram transformar o Santuário Nacional em palanque político.

O circo dos horrores na capital da fé católica no país teve de tudo. Imprensa hostilizada por apoiadores do presidente que bebiam cerveja em um local religioso. Padre vaiado enquanto celebrava uma missa. Pessoas de verde e amarelo perseguindo um rapaz que vestia uma roupa vermelho dentro do complexo do Santuário.

Monitoramentos feitos nas redes sociais mostraram que a maioria dos brasileiros reagiu de forma negativa à ida de Jair Bolsonaro a Aparecida. Um forte sinal de que o eleitor não tolera o uso da religião -- e o desrespeito à fé alheia -- como arma política. Um sinal claro e forte de que, em sua maioria, o eleitor brasileiro tem fé na democracia.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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