Viva a Democracia

Diretor-presidente de OVALE, Fernando Salerno discursou na abertura do lançamento da Superedição Campinas, em defesa dos pilares democráticos. Confira o discurso ipsis litteris

Por Fernando Salerno | 15/10/2022 | Tempo de leitura: 3 min
Diretor-Presidente de OVALE

OVALE

Fernando Salerno, diretor-presidente de OVALE
Fernando Salerno, diretor-presidente de OVALE

Senhoras e senhores, boa noite,

Em nome de OVALE, venho agradecer a presença de cada um de vocês neste encontro.

A democracia morre na escuridão, diz o slogan do jornal ‘The Washington Post’, considerado um dos baluartes do jornalismo mundial.

Mas esta deusa, a democracia, está sob ataque. A ascensão de governos autoritários e uma onda reacionária e intolerante às liberdades é um fato, não um ponto de vista isolado ou subjetivo.

Recente estudo da bicentenária revista inglesa ‘The Economist’, a democracia global está em curva declinante desde 2020, com mais de um terço da população mundial vivendo sob o regime autoritário.

E sem democracia não há futuro. O jornalismo e a democracia são atividades imbricadas por sua própria natureza. Quanto maior for o acesso do cidadão à informação livre e desimpedida, maior será sua capacidade de análise e interpretação dos fatos. Maior será a sua consciência crítica.

Só existe democracia, quando há respeito entre os debatedores. Quando apesar dos interesses e das visões contraditórias e antagônicas, há respeito às regras mínimas do debate civilizatório.

A maior nação da América Latina está diante da eleição mais importante e complexa em décadas, a ser disputada no próximo dia 30 de outubro. O eleitorado irá às urnas constrangido, com a obrigação de escolher o mal menor entre o que há de mais retrógrado à esquerda e à direita, com dois candidatos, cada um a seu estilo, que representam a antítese do que o Brasil precisa.

A bem da verdade, tanto a razia bolsonarista, por um lado, como os longos e suplicantes anos sob o domínio reprovável da administração petista, por outro, mergulharam o Brasil num cenário de disrupção política antidemocrática e provocaram uma sucessão de crises, econômica, política e sobretudo moral, sem precedentes na história do país.

Ambos os senhores candidatos ao Palácio do Planalto atentam forte e indisciplinadamente contra os ideais democráticos e republicanos que este jornal defende desde a sua fundação.

Motivos de desassossego, portanto, na faltam. É preciso reunir forças em nome da defesa da democracia e de um Estado a serviço do povo e não de privilégios pessoais e subversivos; reunir forças em nome do crescimento sustentável, com melhor distribuição de renda e educação de qualidade. Essas são as premissas que podem permitir que um dia o país floresça.

A democracia, imperfeita, incompleta e carente de reformas, é certamente preferível aos sonhos autoritários dos dois candidatos.

Diante de tal cenário, a famosa frase de Thomas Jefferson, o terceiro presidente dos Estados Unidos, autor da Declaração de Independência daquele país e um dos Fouding Fathers, nunca foi tão latente e atual:

”Se me fosse dado decidir se devemos ter um governo sem jornais, ou jornais sem governo, não hesitaria um momento em preferir a última”

Num mundo onde a democracia encontra-se ameaçada por força da compreensível aversão à política, convido cada um de vocês, presentes nessa sala, a serem eternos vigilantes e defensores da liberdade de imprensa e de expressão e, consequentemente, da diretriz editorial deste jornal, pautada pela mais absoluta e irrestrita independência e apartidarismo face aos poderes em geral.

Este jornal acredita, assim como Santiago, de ‘O Velho e o Mar’, de E. Hemingway, com o seu espírito incansável e a sua fé inabalável, que em breve, daqui a alguns poucos anos, poderemos içar o país do naufrágio a que foi submetido rumo a um porto seguro e salvamento.

Ao encerrar, tomo a liberdade de convidar a Secretária de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação Adriana Flosi, representando o prefeito da cidade de Campinas Dário Saadi, para dizer algumas palavras. Isso, por uma razão bastante simples. Dar sempre a oportunidade de alguém do governo falar por último em OVALE. E, provavelmente, falar melhor.

Adriana, seja bem-vinda, seja livre, seja OVALE, viva a democracia. Muito obrigado.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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