Polícia

'Parecia o casal perfeito, mas era tudo fachada', diz mãe de mulher morta por marido em São José

Por Thais Perez |
| Tempo de leitura: 3 min
Diane Cristina foi vítima de feminicídio
Diane Cristina foi vítima de feminicídio

Diane Cristine era a única filha mulher de Cristina, e sempre foi muito bem tratada pela família - cortesia que devolvia ao mundo com maestria. Com 27 anos, era vendedora e trabalhava como cabeleireira em casa e em domicílio: seu sorriso era seu cartão de visita. Contudo, a expressão que era sua marca registrada foi sumindo nos meses anteriores à sua morte.

Mãe de três filhos, sendo o menor com 4 anos, Diane foi morta em março de 2021, no mesmo dia do aniversário de uma de suas filhas. O acusado era seu marido, que vivia com ela na Vila Guarani, em São José dos Campos. Caio Cezar Garcia Raimundo de Oliveira, que está preso, espera o julgamento do caso, adiado para novembro deste ano.

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A mãe de Diane conta que a filha, antes sempre muito alegre, começou a ter outro comportamento após o início do relacionamento com o acusado. Ela era frequentadora da igreja, onde seu marido havia se convertido. Ambos decidiram morar juntos.

“No começo ele era muito educado. Nós conhecíamos a família dele, mas nunca iríamos imaginar que algo assim fosse acontecer. Parecia o casal perfeito, mas era tudo fachada”, conta Cristina.

A família passou a notar que Diane não saía mais de casa para atender suas clientes. “Comecei a perceber que ele queria controlar ela, mas Diane não percebia. Meu neto dizia que ele o apertava demais quando o abraçava. Quando eu tocava no assunto, ele explodia”, continua.

“Eu sabia que ela não estava bem, mas ela não contava. Dizia que estava tudo bem, tudo normal”, disse Cristina. Antes da agressão final, Diane foi vista com os olhos roxos. Duas semanas depois, disse à mãe que iria se separar.

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CRIME

Antes do homicídio, o acusado teria dito à filha do casal que ela iria ganhar um presente que jamais esqueceria. No dia do aniversário da menina, Diane e sua mãe se reuniram com parentes na casa do acusado, para comemorar. “Hoje, a gente sabe que foi como uma despedida”, declara a mãe da vítima.

Quando Diane chegou em casa, houve uma discussão com o marido. “Ele pegou o filho mais novo e colocou-o na sala, para que ele pudesse ver tudo que ele ia fazer com ela”.

De acordo com Cristina, Diane foi agredida e esfaqueada diversas vezes. Antes de morrer, a mulher teria dito ao filho que corresse para o quarto e fingisse que estava dormindo, para que não fosse atacado. No total, Diane levou 33 facadas.

REAÇÃO

“Foi difícil demais para mim. Foi um baque. Saber que tratamos uma pessoa como parte da família. A gente nunca imagina que isso pode estar acontecendo dentro de casa”, confessa Cristina.

O julgamento do caso ocorreria no último dia 22 de setembro, mas foi adiado pelo juiz Milton de Oliveira Sampaio Neto, que também solicitou que o acusado fosse transferido para um presídio mais próximo da cidade. A nova data é dia 17 de novembro.

“Creio que a justiça vai ser feita. Quero que ele viva, para dar tempo de reconhecer o tamanho do erro dele. Quero que ele pague a justiça dos homens e que pegue a pena máxima, para nunca mais fazer isso. É muita covardia”, finaliza Cristina.

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