A estreia da Acadêmicos de Niterói no Grupo Especial do Carnaval do Rio, em 2026, será marcada por um enredo que exalta a trajetória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas sem o uso dos R$ 5,1 milhões autorizados pela Lei Rouanet. Apesar do aval do Ministério da Cultura, a escola optou por não tentar captar os recursos junto a patrocinadores.
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Prazo curto inviabilizou a captação
A autorização oficial para buscar incentivos fiscais foi concedida em 15 de dezembro de 2025. Com o desfile marcado para 15 de fevereiro de 2026, a agremiação avaliou que o intervalo inferior a dois meses não permitiria negociar patrocínios, estruturar contratos e executar o orçamento com segurança.
Pela regra da Lei Rouanet, a liberação não significa repasse direto de dinheiro público. Os valores só entram no projeto se forem captados junto a empresas ou pessoas físicas, que depois deduzem o investimento do Imposto de Renda. Segundo a escola, a operação, nesse cenário, seria arriscada.
Enredo homenageia trajetória do presidente
Mesmo sem recorrer ao incentivo, o desfile seguirá com o tema “Do alto do mulungu surge a esperança: Lula, o operário do Brasil”. A proposta apresenta uma narrativa em formato de cinebiografia, retratando a infância no interior de Pernambuco, a mudança para São Paulo, a atuação sindical durante a ditadura militar e a chegada ao Palácio do Planalto.
O roteiro também aborda a relação com a mãe, Dona Lindu, as greves do ABC paulista, o período de prisão e as campanhas eleitorais que marcaram a carreira política do presidente.
Comunidade como prioridade
De acordo com a Acadêmicos de Niterói, o planejamento do desfile priorizou a participação local: todas as alas serão formadas por moradores da cidade, o que reduziu a dependência de recursos externos captados às pressas. O uso da Lei Rouanet por escolas de samba é comum, mas geralmente ocorre com projetos aprovados com maior antecedência.
Presença de Lula é incerta
A escola informou que Lula ainda não confirmou se acompanhará o desfile na Marquês de Sapucaí. A presença não está descartada, mas não há definição. Integrantes do governo federal, incluindo a primeira-dama Rosângela da Silva (Janja), já estiveram no barracão da agremiação durante a preparação do Carnaval.
Debate político segue no Congresso
A decisão de abrir mão da captação ocorre em um momento de críticas recorrentes ao uso da Lei Rouanet em projetos com conteúdo político, especialmente em período pré-eleitoral. Parlamentares da oposição questionam a neutralidade do mecanismo e defendem limites para financiamentos ligados a autoridades em exercício.
Ao não buscar os recursos, a Acadêmicos de Niterói reduz o risco financeiro e se distancia de uma controvérsia que tem gerado desgaste político ao governo federal.