A Receita Federal deflagrou nesta quinta-feira (16) a Operação Alquimia, uma ação conjunta com a Polícia Federal, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Ministério da Agricultura (Mapa) para rastrear a origem do metanol encontrado em bebidas alcoólicas adulteradas. O produto, usado como combustível industrial, pode causar cegueira e morte quando ingerido.
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A investigação rsulta do aumento de casos de intoxicação por metanol no país e é desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, que já revelaram um esquema de adulteração de combustíveis com metanol. Agora, há indícios de que parte dessa substância seja desviada para a produção clandestina de bebidas.
A operação envolve 24 empresas em cinco estados: São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e mobiliza 48 servidores da Receita Federal. Entre os alvos estão importadores, terminais marítimos, destilarias e usinas, todos investigados por suspeita de participação na cadeia irregular de distribuição do metanol.
Segundo as apurações, empresas químicas e “noteiras” emitiram notas fiscais falsas para simular transporte de cargas que nunca chegaram ao destino. O esquema pode envolver fraude documental e desvio de produtos químicos de uso industrial para o mercado ilegal.
O metanol é altamente tóxico e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), seu nível em bebidas não deve ultrapassar 0,1%. Mesmo pequenas quantidades, como as permitidas nos combustíveis, podem causar intoxicações graves.
Além do risco à saúde, o Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP) estima que o setor de bebidas alcoólicas perde cerca de R$85 bilhões por ano com práticas de falsificação, contrabando e sonegação ligadas à produção clandestina.
As análises químicas da Operação Alquimia devem indicar se o metanol encontrado nas bebidas adulteradas tem a mesma origem do combustível irregular apreendido nas fases anteriores das investigações.