Na infância, bastava dividir um brinquedo ou um lanche para uma amizade surgir. Com o tempo, esse processo se torna bem mais complicado. Na vida adulta, a rotina intensa, a seletividade nos vínculos e a falta de convivência espontânea dificultam a criação de novas conexões. Os ambientes que favoreciam o contato — escola, cursos, eventos sociais — diminuem, e os círculos já formados tendem a se fechar. Em vez de buscar novas relações, muitos preferem preservar as antigas, o que limita as possibilidades de encontro.

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A vida adulta também impõe uma série de obstáculos práticos. Com agendas lotadas, responsabilidades familiares, pressões no trabalho e cansaço acumulado, é comum que o tempo dedicado a conhecer pessoas seja deixado de lado. A energia que antes era usada para explorar novas amizades agora é canalizada para manter o que já existe — isso quando sobra disposição. Além disso, os critérios para se aproximar de alguém mudam: ficamos mais cautelosos, seletivos e exigentes. Depois de algumas decepções, tendemos a filtrar mais quem queremos por perto, buscando compatibilidade de valores e interesses, o que nem sempre é fácil de encontrar.

Outro fator é a queda na espontaneidade. Se antes era natural puxar assunto ou chamar alguém para brincar, hoje muitos evitam se expor por medo da rejeição ou do desconforto. Mesmo as redes sociais, que mantêm certo contato, não substituem a qualidade da convivência presencial. Fazer amigos depois dos 30 exige mais esforço e consciência: é preciso buscar ativamente espaços de troca, se abrir ao inesperado e cultivar os vínculos com intenção. Ainda assim, é válido lembrar que não existe uma regra. Cada pessoa tem seu próprio ritmo, necessidades e limites, e está tudo bem também se não houver vontade de expandir o círculo social.