Pirapora e romarias


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Desde que me conheço por gente, Pirapora foi uma presença em minha família. Meu avô materno, João Barbosa, ia todos os anos a cavalo, em romaria. Levava todos os filhos. Cheguei a ir várias vezes quando criança. Adulto, era um passeio a que minha mãe nunca se recusou.
Foi em 1725 que José de Almeida Naves encontrou em seu sítio, encostada numa pedra do rio Anhembi, a imagem do "Ecce Homo". Logo teve início a visitação de pessoas a pedir milagres. Em 1730, o Padre Jacinto de Albuquerque Saraiva, pároco de Parnaíba, benzeu a Capela do Senhor Bom Jesus e em 6 de agosto do mesmo ano, celebrou-se a primeira festa em louvor ao Cristo. Foi dom Lino Deodato de Carvalho que elevou a capela a Santuário, em 1887.

Foi por intercessão de dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, bispo de São Paulo, que chegaram, em 26.12.1896, os primeiros cônegos premonstratenses para assumirem a direção do Santuário, já então muito visitado. Vieram da Bélgica e pertenciam à ordem fundada em 1121 por São Norberto em Premontré, lugarejo ao norte da França.

A paróquia do Senhor Bom Jesus data de 1897 e é a sexta mais antiga da diocese. O santuário foi construído em estilo jesuíta europeu. Nos seus dois nichos externos, estão imagens de São Pedro e São Paulo, entronizadas por dom Paulo Rolim Loureiro, que foi também quem inaugurou o Carmelo São José, em nossa cidade.

Três belos vitrais representam o encontro da imagem que está no altar mor, ladeado pelas de Sant'Ana e São Joaquim, avós maternos de Jesus. O altar de mármore é de 1916. Ainda abriga imagens de Nossa Senhora das Dores e São José.

Há várias capelas que podem ser visitadas, como a Santa Cruz, datada de 1880, a capela das velas, que surgiu onde antes existia uma gruta, a casa dos milagres e um pitoresco grupo de casas de comércio que faziam doces de cidra embrulhados em palha e vendiam rapadura.

As peregrinações de todo o Estado, mas também a de Jundiaí, transformavam Pirapora num centro de visitação religiosa dos mais concorridos do Brasil. E tudo isso pertence à nossa Diocese e à nossa história.

José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e presidente da Academia Paulista de Letras - 2019-2020.

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