Trançado 'Box braid' é marca cultural da identidade preta


| Tempo de leitura: 3 min

Box Braids, famosas tranças afro, têm literalmente feito a cabeça de muita gente. A arte de trançar Box Braids é originária da cultura africana e representa a ancestralidade passada de geração em geração.

No século 15, com escravidão de muitos africanos, o cabelo era parte integrante de um complexo sistema de linguagem, que transformava o trançado Nagô, na cabeça dos homens, como em um mapa para fugas. A manipulação do cabelo era uma forma de resistência e de manter suas raízes.

Nos dias atuais, as tranças continuam sendo uma marca do povo preto. Para a cabeleireira Eliane Albino (46), que atua na área da beleza há mais de 15 anos e trabalha em um salão especializado em beleza preta no centro de Jundiaí, trançar é inerente à negritude.

"Criança negra já nasce de trança. O trançado faz parte de nossa infância e segue até quando crescemos. Utilizamos como forma de empoderamento e, no processo de trançagem, a gente se reconhece e se reafirma", frisou a cabeleireira.

Para Rafaela Bueno (34), dona de um tradicional salão especializado em beleza preta, atendendo há 16 anos em Campo Limpo Paulista - cidade pertencente à Aglomeração Urbana de Jundiaí - as tranças ganharam um enfoque poderoso nos últimos anos.

"Percebemos uma procura acima da média de 2018 para cá. Com as tranças ganhando repercussão e espaço na mídia acabaram entrando para a 'moda' e a partir daí, vimos estourar este tipo de trançado, que reafirma a identidade negra", contou.

IDENTIDADE CULTURAL

Segundo Rafaela, as tranças são feitas em qualquer pessoa que procure o salão, desde que entenda e respeite o que elas significam. "A gente vive em um momento em que o empoderamento do povo preto ganha certa visibilidade. Com isso, muita gente procura o trançado como forma de reafirmação da identidade ou mesmo estética, mas prezamos sempre pelo bom senso e o filtro do respeitar", salientou Rafaela.

A cabeleireira reconhece que algumas pessoas utilizam do trançado sem saber o que ele representa. "Principalmente no meio artístico, as tranças são usadas, muitas vezes, sem propósito. Mas, na contramão disso, vemos artistas como Ludmilla e IZA, que chegam chegando e representam com autenticidade, trazendo não só o trançado, mas a cultura das perucas, que também já passou por muito preconceito", destacou Rafaela.

PROCESSO

Para realização do trançado há praticamente duas diferenças: o trançado brasileiro, em que há a queimada da ponta da trança ou trançado americano, que não tem o processo de queima. Os materiais utilizados são sintéticos e nos anos 90 se popularizou com o Kanekalon, o qual era mais artificial, além da lã, mais rústica, que permite a colocação de fios coloridos. Atualmente, os materiais evoluíram com a chegada do Jumbo, material mais parecido com o cabelo natural.

As tranças têm efeito físico e visual para alongar os cabelos. São realizadas em ambos os sexos e não têm contraindicação, mas o processo é dolorido e pode despertar dores de cabeça e, em raríssimas exceções, alergias em couros cabeludos extremamente sensíveis. Para trançar Box Braids os interessados terão de desembolsar entre R$ 250 e R$ 850, dependendo do profissional, tipo de trançado, material, volume do cabelo, entre outros fatores.

SIGA NAS REDES

Instagram

@rafaelabuenobn

@elialbino_hair

Comentários

Comentários