OPINIÃO

Reflexão natalina


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O Natal se aproxima e, com ele, as luzes, vitrines decoradas, músicas repetidas anualmente, promoções irresistíveis, porém, uma sensação coletiva de urgência. Tudo parece pedir pressa. As ruas ficam mais cheias, o trânsito mais caótico, as pessoas mais irritadas. Curiosamente, quanto mais se fala em amor, mais vemos impaciência. Quanto mais se fala em união, percebemos um cansaço coletivo, maior tensão e infelizmente, um aumento da violência e da criminalidade em alguns locais. Algo não fecha, não é mesmo?

Talvez porque, aos poucos, tiramos o foco do principal do Natal: esquecemos o aniversariante.

O Natal é a comemoração do nascimento de Jesus Cristo. Independentemente de crenças religiosas específicas, é impossível negar o impacto de sua mensagem na história da humanidade. Jesus trouxe ao mundo valores universais que ainda hoje sustentam a vida em sociedade: amor ao próximo, compaixão, perdão, humildade, serviço e paz. Ele não pregou consumo, ostentação ou excesso. Pregou simplicidade, presença e coerência entre o que se sente, o que se pensa e o que se faz.

No entanto, o Natal moderno muitas vezes se distancia dessa essência. O brilho das vitrines, a pressão por presentes, o apelo comercial e até o símbolo do Papai Noel, que em muitos contextos ocupa mais espaço que Jesus, acabam desviando o olhar do que realmente importa. Não se trata de condenar presentes ou celebrações, mas de questionar quando o consumo se torna protagonista e o verdadeiro sentido do Natal se perde.

Vivemos uma época em que tudo precisa ser rápido. O tempo parece correr mais do que o normal em dezembro. Há confraternizações, festas, compromissos sociais, refeições exageradas, noites mal dormidas e uma rotina que sobrecarrega corpo e mente. A alimentação saudável é deixada de lado, o descanso é negligenciado, e a saúde física e emocional paga o preço. Ironia das ironias: celebramos o nascimento de uma mensagem de vida, enquanto muitos adoecem no processo.

Talvez o convite do Natal seja justamente o oposto do que temos feito.

Parar. Respirar. Silenciar um pouco o ruído externo. Olhar para dentro. Reconectar com valores simples, mas profundos. Cuidar da saúde do corpo, da mente e do espírito. Estar presente de verdade com quem amamos. Praticar o amor não apenas em palavras, mas em atitudes. Exercitar a empatia no trânsito, nas filas, nas diferenças. Lembrar que paz não é ausência de problemas, mas presença de consciência.

O Natal não precisa ser sinônimo de excesso. Pode ser sinônimo de essência.

Que possamos devolver o centro da celebração a quem realmente dá sentido a ela. Que Jesus não seja apenas lembrado em presépios ou canções, mas vivido no cotidiano e em nossos corações. Que o Natal seja menos sobre o que compramos e mais sobre o que cultivamos dentro de nós. Mais saúde, mais calma, mais presença, mais amor.

Que neste Natal, em vez de buscarmos mais coisas, possamos reencontrar o mais essencial: Jesus, a paz interior e o amor que transforma tudo ao nosso redor. Muita saúde a todos e um Feliz Natal.

Liciana Rossi é especialista em coluna e treinamento corretivo, pioneira do método ELDOA no Brasil

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