As festas de final de ano se aproximam. É necessário que se faça uma análise do desempenho da economia brasileira, como, regularmente, as empresas fazem durante todo o tempo e, principalmente, no fechamento do ano.
Um fato relevante acerca da economia é a visualização comparativa do desempenho das economias de outros países e, em havendo distorções, estudar as ocorrências positivas e negativas, que provocaram os desvios encontrados.
No caso do Brasil, os números projetados pelo FMI – Fundo Monetário Internacional e, de certa forma, já ratificados, considerando a proximidade do final do ano, nos revelam os seguintes indicadores:
Crescimento do PIB – Produto Interno Bruto, de 2,0 % a 2,3 % no ano;
Inflação, medida pelo IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo, de cerca de 4,5 %, portanto, dentro do limite superior estabelecido;
Taxa de Câmbio – US$ 1,00 igual a R$ 5,35, aproximadamente. Essa taxa se encontra relativamente estável, com pequenas variações para mais ou para menos;
Contas do Orçamento Público (Municípios, Estados, União e o INSS), déficit primário (sem os juros sobre a dívida interna de R$ 9,8 trilhões), de cerca de R$ 65,0 bilhões;
Taxa Básica dos Juros – a SELIC, em 15,0 % ao ano;
Desemprego estrutural de 5,4 % da PEA – População Economicamente Ativa;
Pessoas pobres, igual a 48,9 milhões, igual a 23,3 % da população brasileira;
Extremamente pobres, 7,4 milhões de pessoas, igual a 3,5 % da nossa população. Embora estejamos numa trajetória de redução da pobreza em nosso País, os números são preocupantes, pois 56,3 milhões de pobres, superam a população integral de muitos outros países;
Nas contas externas, nas nossas relações internacionais, projetam-se um déficit em Transações Correntes (saldos da Balança Comercial, mais Balanço de Serviços, mais Transferências Unilaterais), da ordem de US$ 70,0 bilhões;
Investimentos externos em Ativos Fixos (formação Bruto de Capital Fixo), da ordem de também aproximadamente US$ 70 bilhões suficientes, portanto, para cobrir o déficit das Transações Correntes, dando um equilíbrio no saldo do Balanço de Pagamentos;
No exterior, um crescimento econômico maior para o Sudeste Asiático, com a China, atingindo a marca de 5,0 % a 6,0 % no ano; os países que são denominados como Tigres Asiáticos originais, Hong Kong, Singapura, Taiwan e Coreia do Sul, com um crescimento econômico de cerca de 3,0 %;
Malásia e Indonésia, próximos de 5,0 %. Aos poucos, o poder econômico vai se deslocando para o Sudeste Asiático. Na União Europeia, um crescimento médio abaixo de 2,0 %; o Japão, com um crescimento inferior a 1,0 % e, os Estados Unidos, um crescimento também um pouco abaixo de 2,0 %.
O crescimento econômico do Brasil estará equivalente à média mundial, mas inferior a diversos países da América Latina, como a Argentina – 5,5 %, o Peru – 2,9 %, o Paraguai – quase 3,0 %, por exemplo.
De forma negativa, temos a população pobre, a Selic extremamente alta e os déficits gêmeos: no Orçamento Público e em Transações Correntes com o exterior.
,Se o Brasil não alterar a gestão pública e gerar expressivos superávits primários, entraremos, mais a frente, em uma situação muito difícil.
Messias Mercadante de Castro é professor de economia do Unianchieta, Membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas