OPINIÃO

Théo, o amigo 


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Na próxima segunda-feira, oito de dezembro, meu amigo Théo Conceição completa 75 anos.

Conhecemo-nos há muito. Éramos jovens plenos de planos, quimeras, sorrisos... O Théo sempre carregou consigo uma simplicidade inata, independentemente dos lugares por onde passou ou passa. O traje seja um “black-tie”, bermuda ou calça jeans jamais alterou sua essência ou maneira de enxergar ou se relacionar com as pessoas. Simplicidade da sabedoria que enxerga a glória como passageira e o ser humano imprescindível.

Sua coluna social circulou além de Jundiaí e do Brasil. Nela, inclusive, estiveram momentos importantes da minha vida, em especial aqueles em que procurei ser caixa de som para ampliar a voz dos excluídos. Festa de gala e periferia conviveram muito bem em seu trabalho. Periferia para tocar o coração dos que participam de eventos elegantes e dessa maneira tecer o fio da solidariedade. Quem é capaz disso, faz melhor a humanidade.

Neste tempo de Advento, e o Théo é do vir à luz no Advento, como preparação do Natal, uma das leituras que me encanta é a do Profeta Isaías (11, 1-8): “Naqueles dias, nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e temor de Deus; no temor do Senhor encontra ele seu prazer. Ele não julgará pelas aparências que vê nem decidirá somente por ouvir dizer; mas trará justiça para os humildes e uma ordem justa para os homens pacíficos; fustigará a terra com a força da sua palavra e destruirá o mal com o sopro dos lábios.  Cingirá a cintura com a correia da justiça e as costas com a faixa da fidelidade.  O lobo e o cordeiro viverão juntos e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito; o bezerro e o leão comerão juntos e até mesmo uma criança poderá tangê-los.  A vaca e o urso pastarão lado a lado, enquanto suas crias descansam juntas; o leão comerá palha como o boi; a criança de peito vai brincar em cima do buraco da cobra venenosa; e o menino desmamado não temerá pôr a mão na toca da serpente...”

Meu querido amigo possui posturas que se assemelham a essa visão profética: aparências não têm peso em seu cotidiano, ele busca a paz entre as pessoas. Jamais li, ouvi ou vi dele algo que fosse para destruir alguém. Suas atitudes buscam proximidade benigna.

Com o inesquecível Dr. Tobias Muzaiel como mestre, Théo se fez destaque na comunicação.

Em meio a tantas coisas que admiro nele, está a estima incondicional pelos amigos. Pode-se ficar meses sem vê-lo que, ao reencontrá-lo, o instante se transforma em festa.

Seu incrível gosto pela música popular me obriga a lhe oferecer os versos de Milton Nascimento: “Amigo é coisa para se guardar / Debaixo de sete chaves / Dentro do coração”.
Tenho muito a agradecer a ele: nos meus sonhos para Deus, nas dores e nas alegrias, na presença forte e constante em muitos momentos, em especial na despedida de nosso pai e, mais tarde, de nossa mãe. Em resumo, Théo é capaz de assoprar lágrimas, aplaudir vitórias e, acima de tudo, permanecer.

Meu desejo de felicidades e meu carinho, ontem, hoje e amanhã.


Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista

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