O governo federal sancionou a lei que isenta do Imposto de Renda trabalhadores com renda mensal de até R$ 5 mil. A mudança impacta diretamente o orçamento das famílias, reduzindo o peso tributário sobretudo para os contribuintes de menor renda. Com a nova legislação, ficam isentos salários brutos até R$ 5 mil, enquanto rendimentos acima desse valor seguem a cobrança progressiva, com alíquotas ajustadas conforme a faixa salarial. A medida passa a valer a partir do próximo ano e gerou repercussão entre especialistas do ramo econômico e político.
O economista Messias Mercadante afirma que a medida era necessária e imprescindível. “Há muitos anos não havia atualização da tabela do IR. Tivemos inflação, salários corrigidos pela inflação, mas a tabela não. Com isso, muitos trabalhadores que deveriam estar isentos continuavam pagando”, explica.
Segundo o economista, a lei representa justiça tributária e deve melhorar o poder de compra de grande parte da população. “Isso irá aquecer o consumo, gerar empregos e investimentos. Ganha o trabalhador, a atividade econômica e o Brasil”, destaca.
Com a isenção, trabalhadores que ganham até R$ 5 mil deixarão de ter descontados do salário um valor de aproximadamente R$ 312 por mês, por exemplo. Em um ano, o montante que deixa de ser descontado passa dos R$ 4 mil.
Impacto político
Na análise do doutor em Filosofia do Direito, Walter Celeste, a medida tem forte peso político e pode reforçar a aprovação do governo. “Vinte e cinco milhões de pessoas serão beneficiadas com alívio em seu rendimento mensal, terão mais dinheiro para consumir e isso pode impulsionar a economia”, afirma. Ele ressalta que a política beneficia diretamente trabalhadores de baixa renda. “É uma medida progressista, que reduz desigualdades e corrige uma carga tributária que era indecente.”
Celeste pondera, porém, que o ganho político depende da percepção pública. “A grande questão é saber se a classe trabalhadora vai conectar o governo ao alívio que sentirá no bolso.” Segundo ele, o ambiente digital fragmentado dificulta essa associação. “Há um desprendimento da realidade, e muitos seguem discursos sensacionalistas e pautas morais impulsionadas pelas redes sociais. O discurso ideológico artificial acaba ganhando força”, explica.