OPINIÃO

Por que sempre estamos andando para trás?


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A humanidade, ao longo de milhões de anos, sempre viveu seus tempos de apogeu, da mesma forma que viveu e vive tempos apocalípticos. Quantas nações já foram impérios importantes, e quantas dessas mesmas viveram ou vivem tempos de decadência.

Posso dizer que “No mundo, hoje, vivem mais de 8 bilhões de pessoas...”, todavia, não sei se empregar o verbo “vivem” é o mais adequado. É só olharmos ao nosso redor.

A Inteligência Artificial, que daqui a pouco, será autônoma ou plena e os avanços tecnológicos irão vislumbrar que tipo de universo? Seremos um só povo, no qual vingará a sociedade do ócio? Os empregos vão desaparecer? Sem o que fazer, como nos fartaremos? Teremos uma única moeda no mundo, como seremos treinados?

Os estados emitirão uma mesma moeda? Ainda que sem lastro? Quanto cada ser humano receberá do estado provedor - que patrocinará, às avessas, a sociedade do ócio? Seremos retreinados para viver sempre no presente?

Vi, com tristeza, pela televisão,e não foi pela primeira vez, o semiárido nordestino. O vaqueiro, ao lado da vaca morta por falta d’água, na expectativa de que “a chuva vai chegar”.  Nunca chega. O Nordeste, geopoliticamente,é formado por nove estados,e, em todos, a seca castiga há séculos.

Eu li na revista Exame, há anos, que a água seria o combustível do século XXI. Já escrevi aqui, nesta mesma coluna, sobre este mesmo assunto,isso já há duas décadas.

A matéria que eu havia lido era de natureza técnica e cientifica. Lá estava escrito que haveria solução para se combater a seca secular nordestina. A proposta: a construção de nove usinas de dessalinização, uma por estado nordestino: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Bahia e Paraíba.

Essas usinas produziriam água potável, irrigariam todo o Nordeste, onde o verde se espalharia na plantação, a água corrente banharia o chão e o nordestino se orgulhando da sua nação.

Ah! Mas, e o dinheiro para pagar todo esse investimento? Ao custo estimado de 27 bilhões de reais, três bilhões, em média, por usina – incluindo a infraestrutura para a irrigação.

Já cheguei a pensar que os grandes bancos pudessem bancar esses custos, pois eles auferem lucros líquidos acima de 100 bilhões/ano. Todos eles; Itaú, Bradesco, Santander, BTG Pactual, Banco do Brasil, BNDES, dentre outros; ainda assim ficariam com muito dinheiro, depois ficariam livres para pagar o champanhe francês, em Paris. Não vai faltar dinheiro para isso. Ou vai?

Aí andei pensando, este país pode ter jeito.

Só em emendas parlamentares, sobre as quais não se tem nenhum controle, por mais que Dino se esforce, serão quase 60 bilhões/ ano. Ora veja, se usarmos 50% desse valor, estaríamos transformando o nosso país na nação mais rica do mundo, porque aqui não falta sol, não falta esperança, não falta fé, não falta vento, não falta gente trabalhadora, porém, falta muita vergonha na cara, especialmente, na do mundo político, e, muito particularmente, na do Congresso Nacional, que está sempre de costas para os interesses da nação. Não defendo a condenação da política, não acredito em outsider, pois são todos populistas e com viés autoritário; de exemplos estamos cheios.

A nossa vida, para o bem e para o mal, depende da política. “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política. Simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. (Platão, filósofo grego,428 a.C.)

Essa solução, por meio da dessalinização,permitiria ao nordeste:
1.    Ter um resultado no agronegócio superior, em toneladas, em relação ao Centro-Oeste, ao Sul e ao Sudeste. Teria redução no custo interno da alimentação e ainda exportaria para o resto do mundo.
2.    Transformar-se num polo tecnológico, até pela sua posição geográfica, por estar bem mais próximo da Europa, da África, do México, dos Estados Unidos e do Canadá;
3.    Ampliar a criação de empregos em escalas geométricas, gerando rendas e serviços;
4.    Ser a porta de saída para as pessoas deixarem de ser assistidas pelo Estado o tempo todo, embora ainda necessário para a realidade social em que vivemos;
5.    Ser importante também para a solução do saneamento básico, contribuindo muito para a melhoria da saúde pública;
6.    Triplicar o PIB Nacional, dentro de 5 anos;
7.    Tornar-se o maior centro universitário do Brasil; 
8.    Resolver o problema de malha viária e ferroviária do Nordeste;
9.    Ser transformado no maior polo turístico nacional, já que é a região que tem turismo forte.
10.    Haver também a desconcentração do Polo Industrial Sudeste e Sul;
11.    Ser esse projeto, além do apoio dos bancos, desenvolvido por parceria pública privada e por consórcios;
12.    Serem atraídas grandes empresas mundiais como: GE, SIEMENS, DOW, as quais já atuam em vários países no Mundo, inclusive no Brasil, embora, aqui, operem em outras frentes.
13.    Estimular e sustentar o desenvolvimento, a melhoraria do meio ambiente.
14.    Reciclar, isto é, a capacidade de purificar a água já utilizada – iniciativa antes mais voltada para operações industriais e agrícolas, expandindo-se para o uso do consumidor final, a potabilização.
15.    Ser toda a região nordestina irrigada. Esse é o ponto mais importante: o Nordeste inteiro,entregando água potabilizada para a população, levando saúde, progresso, emprego, renda, educação, mobilidade urbana e rural, cultura, habitação, saneamento básico, turismo, ciência, tecnologia, universidades, dentre outros benefícios. Seria mesmo viver a vida com dignidade. Mas sabemos que para isso seriam necessárias apenas duas coisas: vontade Política e boa governança.

“Quousque tandem abutere, político, patientia nostra”?

Oswaldo Fernandes foi secretário da Educação em Jundiaí

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