Sintonia Restrita do PCC planeja e executa a morte de autoridades
O plano do PCC (Primeiro Comando da Capital) para matar o promotor Lincoln Gakiya e o diretor de presídios Roberto Medina, revelado nesta sexta-feira (24), passa por um grupo da facção chamado de Sintonia Restrita, responsável por planejar e executar o assassinato de autoridades.
O núcleo já foi definido pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) como o "setor responsável pelo cometimento de atentados contra agentes públicos". Nesta sexta, Gakiya mencionou o núcleo ao comentar o plano de atentado.
O Sintonia Restrita responde apenas à Sintonia Final, liderada por Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e na prática funciona como o braço de inteligência do PCC e atua diretamente em missões consideradas sensíveis à facção criminosa.
Cabe a ela, por exemplo, levantar informações sobre a vida privada de autoridades, vigiá-las e tomar decisões junto à cúpula da facção sobre o que fazer com os dados obtidos.
Segundo Gakiya, em declaração de 2022, o grupo é "integrado por pessoas com expertise em manuseio de armamento pesado, que ficam deslocados de qualquer função e, por vezes, seriam chamados para alguma missão".
Em 2023, uma operação descobriu planos da célula para assassinar o hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR), além do próprio Gakiya. A morte do agente penitenciário federal Henry Charles Gama Filho, em 2017, também é atribuída ao grupo.
O núcleo, segundo investigações, também liderou planos frustrados para resgatar Marcola da prisão. Um deles, de 2018, contaria com mercenários estrangeiros, dois helicópteros de guerra, lança-mísseis e metralhadoras, a um custo estimado de R$ 100 milhões.
Da Sintonia Restrita ainda deriva, segundo o secretário Guilherme Derrite (Segurança Pública), o grupo armado Restrita Tática, do setor de inteligência da facção.
Outros núcleos também são considerados peças-chave dentro da hierarquia do PCC.
Um deles é o chamado Sintonia dos Gravatas. Investigações apontam que o grupo surgiu a princípio para prestar serviços jurídicos à facção criminosa, mas ao longo do tempo se tornou também um braço de apoio à modernização dos procedimentos adotados dentro da economia formal.
Integrantes do núcleo também se tornaram uma espécie de ponte entre os faccionados presos e aqueles em liberdade.
Investigações da Promotoria indicam ainda a existência da Sintonia dos Estados e Países, que opera como filial do PCC em territórios fora de São Paulo e do Brasil onde a facção mantém presença.