Os municípios enfrentam desafios cada vez maiores para lidar com eventos climáticos mais intensos a
cada ano. Em 2026 há, ainda, a promessa de formação de La Niña e, apesar de o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas dizer que o fenômeno não virá com tanta intensidade desta vez, o alerta deve ser ligado. Para o jundiaiense e secretário executivo de Mudanças Climáticas de São Paulo, José Renato Nalini, as cidades devem se preparar para chuvas extremas em 2026 e planejar ações de curto, médio e longo prazos para mitigar os efeitos.
“A nossa posição no globo faz com que tenhamos um pouco de cada situação. Muita seca, altas temperaturas e fenômenos pluviométricos extremos. Não se espere aquela chuvinha que apenas alimenta o verde e reduz a temperatura. Virão tempestades violentas, com rajadas de vento que arrancam árvores saudáveis, levam telhados, derrubam muros e causam desmoronamento”, explica Nalini.
Dentre as ações de curto prazo, o secretário destaca a identificação de áreas vulneráveis, drenagem, desentupimento de bueiros, limpeza de córregos, fazer jardins de chuva, reservar vagas verdes, ou seja, tirar do leito carroçável pequenos espaços e neles fazer plantio. “É preciso devolver à natureza tudo aquilo que subtraímos dela. Recompor matas ciliares. Multiplicar o plantio de árvores, porque
é a melhor tecnologia disponível para equilibrar o regime de chuvas e permitir que a água se infiltre nos lençóis freáticos e não ganhe força numa cidade impermeabilizada, que serve mais ao automóvel do que às pessoas” afirma.
“Já as ações de médio e longo prazos devem ser adotadas de acordo com as demandas da natureza, mas deve-se buscar aumentar as áreas verdes e construir piscinões naturais em áreas inundáveis das cidades. Devemos adotar a prática da “cidade esponja”, desenvolvida na China”, completa.
O secretário afirma que, como cidadão jundiaiense, não tem visto cautela com o clima em Jundiaí e ressalta a preocupação com o avanço da especulação imobiliária em torno à Serra do Japi, que deveria ter sua área ampliada com expropriações. “Jundiaí precisa priorizar as áreas mais vulneráveis, seja geológica-hidrológica, ou socialmente. E plantar mais árvores. Solução natural e pouco dispendiosa, que depende também de uma consistente educação ecológica da população”, diz.
“A árvore é a melhor tecnologia para regular o clima. O calor mata muita gente e matará muito mais, se nossas cidades não tiverem rápida intensificação da cobertura vegetal”, completa.
JUNDIAÍ
Segundo a Prefeitura de Jundiaí, levantamentos pluviométricos para a região de Jundiaí indicam
que os próximos meses devem ser marcados por chuvas frequentes e distribuídas. Essas projeções
mostram que, mesmo com variações na intensidade, a frequência de chuvas deve ser alta e constante, exigindo atenção redobrada para os impactos no solo e em áreas de risco.
A Prefeitura já solicitou à Defesa Civil do Estado de São Paulo dados mais completos, incluindo o comparativo com o mesmo período do ano passado, que serão enviados assim que forem disponibilizados. De acordo com a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Meio
Ambiente, a prevenção é prioridade ao longo do ano, com foco em ações de educação ambiental e na fiscalização de parcelamentos de solo irregulares.