AVALIAÇÃO

Crises na direita impulsionam discurso progressista

Por Felipe Torezim |
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Deputados votaram pela aprovação da PEC da Blindagem e medida gerou revolta na população
Deputados votaram pela aprovação da PEC da Blindagem e medida gerou revolta na população

A direita brasileira enfrenta uma sequência de desgastes públicos que vêm repercutindo fortemente nas redes sociais. As movimentações mais recentes incluem atritos internos entre lideranças, como o desconforto entre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), além da repercussão negativa de ações consideradas impopulares. As ações e o cenário político que se desenha para as eleições gerais de 2026 repercutiram entre presidentes de partidos locais.

Um dos episódios que mais geraram críticas foi a articulação, com participação de Tarcísio, para aprovação da Lei da Anistia para proteger os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, além da chamada PEC da Blindagem, que visava limitar a atuação do Judiciário sobre parlamentares e autoridades com foro, permitindo investigação apenas mediante aprovação do Congresso – vale ressaltar que a medida já foi derrubada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Outra medida que pesa é a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro, que pediu licença do cargo e está nos Estado Unidos em negociações com o presidente Donald Trump para aplicação de sanções ao Brasil, na tentativa de livrar o pai e ex-presidente Jair Bolsonaro. Nos últimos meses, Eduardo e o governador se estranharam e trocaram farpas. Nesta semana, também foi rejeitada a manobra para colocar o deputado como líder da minoria e livrá-lo de punições, como a perda de mandato.

Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou melhora em sua avaliação junto à população. Segundo a pesquisa Datafolha divulgada em setembro, 33% dos entrevistados classificaram o governo como “ótimo” ou “bom”, enquanto 38% consideraram “ruim” ou “péssimo”. A aprovação chegou a estar em 24%. Nas pesquisas de intenção de voto, o mesmo Datafolha aponta a reeleição do presidente em qualquer cenário.

Para a presidenta do diretório municipal do PT, Rosaura Aparecida Almeida, a direita tem um discurso moralista e populista que não se sustenta na prática. “Enquanto falam em valores familiares e religiosos, em combate à corrupção e modernização do Estado, em patriotismo, na verdade o que aparece, e muito rapidamente, é exatamente o contrário. E a população está enxergando isso”, afirma.

Rosaura citou as denúncias de corrupção no Governo Tarcísio, a liberação de R$ 1 bilhão em créditos de ICMS para uma grande rede farmacêutica, a implantação das escolas cívico-militares para pagamento de oficiais da reserva com dinheiro público e até a busca pela anistia ao primeiro escalão pela tentativa de golpe de Estado.

“Enquanto isso, o governo Lula tem lidado com a reconstrução e o avanço de importantes programas sociais. Em pouco tempo temos indicadores econômicos impressionantes, saímos novamente do mapa da fome, ampliamos a cobertura vacinal, a permanência de estudantes na educação básica tem investimento real com o pé de meia. E a política externa do presidente Lula tem trazido investimentos. Mas a população só começa a sentir isso mais recentemente, com a queda da inflação dos alimentos, por exemplo. E, claro, com a altivez do governo Lula em defesa de um Brasil soberano e forte”, completa.

A presidente local do PSOL, Cintia Vanessa, afirma que a extrema direita está cada vez mais perdida. “Enquanto Tarcísio posa de ‘MAGA’ (Make America Great Again) e a direita insiste em PECs para blindar seus próprios crimes, Lula aparece como liderança que sabe dialogar e recoloca o Brasil no centro do cenário internacional. É claro que nós, do PSOL, seguimos denunciando as contradições do governo do PT, especialmente quando recua em pontos fundamentais. Mas não podemos negar que essa crise da extrema-direita acaba fortalecendo Lula, porque evidencia que do lado de lá não há projeto, só defesa de interesse pessoal e oportunismo”, argumenta.

O Jornal de Jundiaí procurou integrantes de partidos de espectro político de direita, como PL, Novo, Progressistas e Republicanos, mas não recebeu retorno até o fechamento desta edição. 

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