OPINIÃO

Idoso, amado e ativo


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Ao longo das últimas décadas, o tema da longevidade ganhou centralidade nas discussões sobre saúde pública, qualidade de vida e bem-estar social. Não se trata apenas de viver mais, mas de viver melhor, com autonomia, vitalidade e equilíbrio emocional. Nesse contexto, três fatores desempenham um papel decisivo: a prática de esportes, as amizades e os vínculos familiares. Embora cada um desses elementos possua impacto individual comprovado, a verdadeira potência está na interseção entre eles, formando uma rede de sustentação física, mental e emocional que contribui para uma vida mais longa e plena. Manter relações sociais efetivas, diárias, nem sempre familiares, são a chave para combater a depressão e a solidão desta faixa etária.

A prática de esportes é frequentemente lembrada como um dos pilares da longevidade. Exercícios regulares fortalecem o sistema cardiovascular, regulam a pressão arterial, ajudam no controle de peso, melhoram a densidade óssea e reduzem os riscos de doenças crônicas como diabetes e hipertensão. Além disso, estimulam a produção de endorfina e serotonina, hormônios que reduzem o estresse e aumentam a sensação de prazer. Porém, o impacto do esporte não se limita ao corpo. Ele também atua como um catalisador de interações sociais, já que muitas modalidades são praticadas em grupo ou em dupla, favorecendo a construção de vínculos afetivos. Jundiaí é um big exemplo: mais de 1,5 mil idosos estão em nossos centros esportivos se exercitando, competindo e correndo meias maratonas. Sem falar naqueles praticantes no Sesi e Sesc-Jundiaí

É justamente nesse ponto que entram as amizades. Pesquisas recentes em psicologia e gerontologia mostram que pessoas que cultivam laços de amizade sólidos têm menor risco de depressão, maior capacidade de resiliência diante de perdas e até mesmo menor propensão a desenvolver declínios cognitivos. Ter amigos com quem compartilhar vitórias esportivas, treinos e até momentos de descontração cria um círculo virtuoso de estímulo à continuidade da prática de atividades físicas. O esporte, portanto, torna-se não apenas uma ferramenta de saúde, mas também um espaço de sociabilidade, onde se cultivam relações que dão sentido à vida.

Os vínculos familiares completam esse tripé. A família, em suas múltiplas formas de configuração, é fonte de apoio emocional e material ao longo da vida. Em especial na velhice, a sensação de pertencimento, cuidado e proximidade com filhos, netos ou cônjuges funciona como um poderoso fator protetivo contra o isolamento social, uma das principais causas de adoecimento mental em idosos. Além disso, quando o esporte é incorporado como prática familiar — uma caminhada dominical, um jogo de tênis em dupla, um passeio de bicicleta — ele se transforma em uma tradição compartilhada, reforçando memórias afetivas e criando experiências intergeracionais que fortalecem os laços.

O ponto de convergência é claro: a longevidade saudável não é fruto apenas de escolhas individuais, mas de um ecossistema de relações. O esporte dá energia e vitalidade ao corpo, enquanto amizades e família nutrem a mente e o coração. Pessoas que conseguem equilibrar esses três aspectos tendem a envelhecer de forma mais ativa, participativa e feliz. Mais do que estender os anos de vida, esse modelo amplia a vida dentro dos anos, transformando cada etapa em uma oportunidade de crescimento e conexão.

Assim, falar em viver mais é, sobretudo, falar em viver em comunidade. E, apesar do distanciamento frio e cauteloso, da vida que passa pelas redes sociais, o que nos fortifica é o abraço, o carinho e a conversa jogada fora. Ter tempo para os amigos também é uma forma de garantir longevidade, ouvir a canção que seu neto ouve, falar com pessoas de todas as gerações nos mantêm atentos e presentes.

A gente pode ser velho, mas não precisa ficar chato. Bora lá se exercitar, viajar, bater papo e dançar!


Ariadne Gattolini é jornalista e escritora. Pós-graduada em ESG pela FGV-SP, administração de serviços pela FMABC e periodismo digital pela TecMonterrey, México. É editora-chefe do Grupo JJ

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