Esta semana um dado estarrecedor me chamou a atenção: desde o início de 2025, 243 pessoas ficaram feridas em acidentes na Rodovia Tancredo Neves, a SP-332. Um volume altíssimo, que resulta na média de quase uma pessoa ferida por dia.
Se considerarmos aqueles que ficaram feridos com gravidade, chegamos a um episódio por semana. Estamos falando de pessoas que carregarão pelo resto da vida algum tipo de sequela no corpo por conta de um acidente de trânsito, marcas de uma tragédia que poderia ser evitada.
Os números do DER mostram mais do que uma estatística. Eles são um sinal de alerta. Até quando seremos obrigados a arriscar as nossas vidas numa estrada perigosa? Há anos a Tancredo Neves opera em estado crítico e demanda melhorias urgentes.
Agora, por uma conjuntura de fatos isolados, o Governo do Estado está com a faca e o queijo na mão para resolver esse problema. De um lado, o DER está a ponto de concluir um projeto detalhado de recuperação da Tancredo Neves.
A proposta é robusta. Prevê 33 quilômetros de duplicação, além da construção de 13 viadutos, 10 passarelas, pistas marginais, correções de traçado e outras intervenções que garantem fluidez e segurança na rodovia.
O projeto é bom, mas está parado, aguardando o Governo decidir se a Tancredo Neves será ou não incluída no programa de concessões. Se isso acontecer, voltamos à estaca zero. Um novo projeto teria de ser feito e o povo pagaria a conta do atraso, com mais acidentes e tempo perdido em congestionamentos.
Existe, no entanto, uma solução simples e eficaz, um atalho para evitar esse caminho: um contrato vigente entre o Governo do Estado e a construtora que está tocando as obras do trecho Norte do Rodoanel, que mantém um canteiro de obras pronto, bem ao lado da
Tancredo.
Por que não fazer um aditivo contratual para que essa mesma construtora, que já possui máquinas e trabalhadores mobilizados, assuma as obras da Tancredo Neves assim que concluir a construção do Rodoanel?
Essa me parece a forma mais rápida, eficiente e menos burocrática para garantirmos as melhorias necessárias para a Tancredo Neves. O governo pode agarrar essa oportunidade e finalmente tirar esse projeto do papel.Agora, é preciso ter vontade política para fazer acontecer. É preciso agir.
Para fazer essa roda girar, apresentarei na Assembleia Legislativa de São Paulo um projeto de lei que autoriza o Governo do Estado a fazer o aditivo contratual com a construtora responsável pelo trecho Norte do Rodoanel. E convido outros deputados a se unirem a essa luta.
A Tancredo Neves é uma conexão importante entre Jundiaí e São Paulo, passando pelas cidades de Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Cajamar e Várzea Paulista. Em alguns desses trechos, ela funciona como uma espécie de avenida, conectando ruas e bairros.
Segundo o DER, 73 mil veículos utilizam a rodovia diariamente. Como já vimos, cada dia importa quando falamos da Tancredo Neves. Neste caso, a lentidão se traduz no risco de mais vidas perdidas em acidentes que poderiam ser evitados. Por isso, essa é uma luta que deve ser de todos.
Mário Maurici de Lima Morais é jornalista. Foi vereador e prefeito de Franco da Rocha, Vice-presidente da EBC e presidente da Ceagesp. Atualmente, é deputado estadual e primeiro secretário da Assembleia Legislativa de São Paulo