A Canonização do São Pier Giorgio Frassati e de São Carlo Acutis me emocionou.
Há tempo sabia sobre São Carlo Acutis, mas superficialmente. Neste período de preparação para ser proclamado santo, comecei a acompanhar a sua história, fala e o que se escreviam sobre ele.
Recordei-me de que era menina ainda quando me apaixonei por Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Vi um postal dela, pequena, de mãos dadas com seu pai, São Luís Martin. Ao olhar o Cruzeiro do Sul, ela lhe disse: “Papai, o meu nome está escrito no Céu”. Eu também andava de mãos dadas com o meu pai. Ah, que saudade! E a maneira como fomos criados também era voltada para os valores maiores.
A juventude do São Carlo Acutis trouxe a minha. Faz décadas! Experimentei a carícia da brisa daquela época, das pétalas de rosa branca, com tantos sonhos para Deus e para mim. Alimentava-me espiritualmente na Catedral Nossa Senhora do Desterro e no Mosteiro São Bento. Que presente do Altíssimo ter, naqueles anos, a proximidade com Dom Roberto, Padre Eugênio, Dom Joaquim, o Carmelo São José...
A colocação dele de que “Todos nascemos originais, mas muitos de nós morrem como cópias” é fantástica e da verdade. Foi na Igreja que aprendi e aprendo a remover minhas máscaras.
Desde a semana passada que leio e releio sobre a vida breve de São Carlo Acutis. Como escreveu alguém, não é nostalgia, mas profecia para nosso tempo. Profecia e convite para sermos originais, poupando a vida no caminho da santidade, como ele fez, escolhendo o sim de cada dia a Deus. Conforme ele dizia: “A tristeza é o olhar voltado para si; a felicidade é o olhar voltado a Jesus”. Não deixou de ser jovem.
Tinha amigos, gostava de tecnologia e futebol. Apaixonado por Jesus Eucarístico. Participava de missa diária. Não havia dualismo na sua vida entre fé e obras. Muitos enxergavam no rosto dele santidade. Não é colocá-lo no lugar de Deus, mas tê-lo como exemplo de intimidade com o Senhor.
Foi sua babá polonesa que o apresentou com mais detalhes à Virgem Maria, na terra dela com o título de Nossa Senhora deCz?stochowa, conhecida no Brasil como Nossa Senhora do Monte Claro.
Faz alguns anos que, para ampliar minha alma, tenho como Diretor Espiritual o Padre Márcio Felipe de Souza Alves, Reitor e Pároco do Santuário Santa Rita de Cássia. Ele conhece o fio que conduz a minha vida e minhas misérias. Padre Márcio Felipe insiste comigo: na escolha da Cruz, numa vida de santidade que leve à Eternidade, na caridade e na reconciliação. Faz-me ver que é necessário desapegar-me para seguir Jesus. Ele sabe, dentre outros acontecimentos, o quanto me fez ver os acenos do Alto na partida de minha mãe e o quanto me ajuda em romper com as alças do mundo para me libertar para o Céu.
A forma como ele me orienta está muito ligada a uma frase de São Carlo Acutis: “Muitas vezes vivemos de forma muito frenética e fazemos tudo o que é possível para esquecer que, mais cedo ou mais tarde, também nós subiremos o Gólgota”.
Como disse o Papa Leão XIV em sua homilia: “Queridos, os santos Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis são um convite dirigido a todos nós – especialmente aos jovens – a não desperdiçar a vida, mas a orientá-la para cima e a fazer dela uma obra-prima”.
Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)