Uma em cada três crianças já apresenta sobrepeso ou obesidade. O dado de 2025 é do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), órgão ligado ao Ministério da Saúde. Apesar de parecer uma realidade entre as crianças brasileiras, o alerta de especialistas é quanto às doenças que estão escondidas atrás do excesso de peso.
Em entrevista exclusiva ao Jornal de Jundiaí, a pediatra e professora da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), Ana Paula Antunes, lembrou que a situação é preocupante porque a obesidade resulta da combinação de fatores genéticos e ambientais. Crianças de famílias com histórico de obesidade têm maior predisposição, porém o ambiente costuma pesar mais.
“Falta de atividade física, excesso de alimentos ultraprocessados, consumo elevado de açúcar e até o tempo de tela durante as refeições influenciam diretamente no ganho de peso”, explica. A especialista lembra que a predisposição genética deve ser levada em conta, mas não significa que a criança será obesa. Hábitos de vida saudáveis e prática regular de atividade física ajudam a quebrar esse ciclo. “Infelizmente os pais têm dificuldade em identificar quando a criança deixou de ser apenas “fofinha” e passou a estar acima do peso.
O problema é que, quando o excesso se torna visível, a obesidade já pode estar em estágio avançado.” Por ser uma doença crônica, a obesidade aumenta o risco de diabetes, hipertensão, infarto e até AVC. A prevenção deve começar já na gestação. “A alimentação equilibrada da gestante, o estímulo ao aleitamento materno e a introdução alimentar correta são etapas decisivas. Além disso, as consultas regulares com o pediatra permitem acompanhar o crescimento por meio de gráficos e detectar precocemente sinais de sobrepeso”, orienta.
Entre os comportamentos recomendados pela médica estão estimular atividades físicas, priorizar alimentos naturais, reduzir o consumo de ultraprocessados e açúcares, limitar o tempo de telas, valorizar refeições em família e até envolver as crianças no preparo da comida. “Mais do que falar, é preciso mostrar. A criança que vê a família se alimentando bem e praticando atividade física tem mais chances de seguir esse caminho.”