OPINIÃO

Os Estados Unidos e o Brasil 


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A partir da posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as relações diplomáticas e econômicas com o Brasil iniciaram um ciclo depreciativo, cujos prejuízos vêm causando um ônus maior para o Brasil. É um processo de causa e efeito.

Até 2024, nas nossas relações multilaterais com o resto do mundo, a China ocupava e continua ocupando a posição de nossa maior parceira comercial, secundada pelos Estados Unidos.

A partir deste ano, o nosso comércio com os Estados Unidos ficará descaracterizado como reflexo do tarifaço de 50% só sobre as nossas exportações para o País.

Como escreveu o embaixador Rubens Barbosa, em excelente artigo publicado no jornal ‘O Estado de São Paulo’, “A Doutrina Monroe’ de 1823 previa, como princípio, a hegemonia da ‘América para os americanos’. Somos as duas maiores economias do Hemisfério, então é necessário se fazer refletir que, a importância americana para o nosso País vai muito além da balança comercial. Os Estados Unidos são, de longe, os maiores investidores diretos na economia brasileira e, adjacentemente, detentores do mais alto nível científico e tecnológico do planeta. 

Seria um grande equívoco nos afastarmos do País e direcionarmos mais concentradamente nossas ações comerciais para a China, Rússia e outros países fora do eixo: Estados Unidos e Europa Ocidental. Outrossim são importantes e corretas as ações de abertura de novos mercados na Ásia, África e Oriente Médio.

Não obstante a realidade abordada acima, o que se observa, entretanto, é que os Estados Unidos, sob diversas alegações, amplia o intervencionismo na América Latina conforme Princípios da Doutrina Monroe.   

Aqui, na América Latina, o Brasil, em sendo a maior economia com um PIB – Produto Interno Bruto de cerca  de US$ 2,3 trilhões, como também a maior população (213 milhões de habitantes) e maior extensão territorial (8,5 milhões de Km2), vinha, naturalmente, exercendo (Ex-Offício) a condição de maior líder regional. 

Essa condição vem perdendo força, dadas as intercorrências políticas. A fraca gestão pública, sem um plano estratégico de governo, com baixo nível de desenvolvimento econômico nas últimas três décadas e o crescimento desordenado de políticas sociais, que não se sustentaram ao longo do tempo. Só podem ser úteis politicamente para o curto prazo. É o que recorrentemente verificamos em nosso País.

Quanto mais se acerba a politização das ações públicas, perde-se o equilíbrio da racionalidade do planejamento socioeconômico e principalmente das ações do Poder Público, cujos resultados negativos se impõem à sociedade e o país se perde em meio do caminho. As águas dos rios que passam debaixo das pontes não retornam jamais.

Todos sabemos que há muito a ser feito no Brasil. Quiçá, em algum tempo futuro, possamos ter estadistas nas gestões federativas e retomarmos o fio da questão de termos efetivamente um Brasil melhor para os brasileiros. É o que esperamos ver no curto e médio prazos.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia do Unianchieta, membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas.

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