“Me senti com nojo, impotente e chocada com a situação. Nunca imaginei que passaria por uma situação assim”. A frase da mulher de 41 anos, dita durante entrevista exclusiva ao Jornal de Jundiaí, mostra a fragilidade e indignação de muitas mulheres que passam por episódios de importunação sexual. Neste caso, ela foi vítima de estupro enquanto estava em um consultório de dentista em Jundiaí. Ele segue preso. (confira o caso abaixo).
Com sua identidade preservada, ela relatou os momentos de agonia que passou e, mesmo diante das afirmações de que teria direito por Lei de ter um acompanhante com ela no momento do procedimento, isto foi negado. “Não fui informada de que poderia entrar com alguém, ninguém me falou. Inclusive, na recepção mesmo, eu pedi se o meu companheiro poderia entrar, e ele me falou que poderia haver uma possível contaminação e que tinha uma reforma no andar de baixo”, enfim.
Aguardando os laudos periciais para saber quais serão os próximos passos da investigação, ela segue em recuperação, já que passou pela cirurgia de extração do dente do siso. Talvez tenha que voltar para a cadeira de outro dentista.
“Não quero ressarcimento algum. Apenas que seja feita a justiça. Eu tenho 41 anos, esse dentista, mais um pouco, poderia ser meu filho. Me 'martela' muito o fato de ele não pensar na mãe e na esposa. O respeito que gostaria que fosse dispensados às mulheres de sua família. Me chocou o fato de eu estar com meu companheiro e meu filho pequeno, que ele inclusive cumprimentou quando nos recebeu. Eu me senti segura na consulta, confiei na palavra de um profissional com boas referências e avaliações. Mais uma lição pra mim”, lamenta.
O caso
Na segunda-feira, o dentista de 31 anos foi preso em sua clínica no Centro, em Jundiaí, suspeito de estupro de vulnerável contra uma paciente durante um procedimento de extração de dois dentes. Ele passou por audiência de custódia e teve o flagrante convertido em prisão preventiva.
Ele aguarda as investigações no Centro de Detenção Provisória (CDP). O caso, colocado em segredo de Justiça por se tratar de crime sexual, está sendo investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).
Em suas redes sociais, o delegado regional do Conselho Regional de Odontologia e vereador, José Antonio Kachan Jr, reforça o direito da mulher em entrar com acompanhante nos consultórios. Segundo ele, é preciso que o paciente exija os seus direitos.
Outro caso
Na quarta-feira (20), outro caso veio à tona, agora de uma paciente de um hospital particular em Jundiaí. Ela afirma que antes de iniciar a cirurgia, o médico deu um tapa em suas nádegas, o que foi presenciado por uma enfermeira. Depois, durante as perguntas rotineiras, ele perguntou: "foi seu namorado que mordeu aí?".
Ainda durante os questionamentos, segundo ela, o médico tomou o celular de suas mãos e passou a olhar a galeria de fotos, questionando: "você não tem um 'nudes' aí não, né?". A vítima se sentiu violentada e constrangida e por esta razão registrou Boletim de Ocorrência no Plantão Policial. O caso foi enviado para investigação pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).
Em nota, a Unimed Jundiaí informa que recebeu, por meio de seu Canal de Denúncias, uma manifestação relacionada a suposto caso de importunação sexual. O relato já está em processo de apuração e, conforme orientação de nossa Compliance Officer, foram solicitadas à denunciante informações complementares, incluindo a cópia do Boletim de Ocorrência, para que todas as providências necessárias sejam adotadas. Esclarecemos ainda que, no Pronto-Atendimento Adulto 24 horas, não são realizadas cirurgias.”
Leia mais sobre a atualização dos casos na página de Polícia do JJ.