Há muitos problemas no futebol envolvendo apostadores e os atores no esporte. Hoje, é expressamente proibido que jogadores de futebol (inclua-se, por determinação da FIFA, seus parentes de até 3º grau) de fazerem apostas em partidas de futebol. Se percebido tal fato, o atleta pode ser suspenso. Vide os imbróglios envolvendo Luiz Henrique (ex-Botafogo), Bruno Henrique (Flamengo) e recentemente, Lucas Paquetá (West Ham, que foi absolvido por falta de provas consistentes).
Aqui no Brasil, especialmente nas divisões inferiores, há um grande número de denúncias envolvendo fraudes de jogadores. Vez ou outra, os escândalos surgem.
Preocupada com isso, a FIFA divulgou a Circular 1938 em 01/08/2025, determinando a proibição de empresas de apostas esportivas em realizar publicidade com árbitros e VAR, buscando aumentar a credibilidade no esporte.
Muitos países discutem a possibilidade de banir publicidade de bettings em camisas de clubes de futebol. Será que isso se concretizará?
Na Inglaterra, a Premier League, em abril de 2023, anunciou que os clubes concordaram voluntariamente em remover os patrocínios de jogos de azar da parte frontal das camisas a partir do final da temporada 2025/26. Embora essa medida não impeça patrocínios nas mangas ou outros tipos de publicidade em estádios, ela representa um passo importante em resposta às crescentes preocupações com o jogo em si. A iniciativa partiu dos próprios clubes, mas vinha sob forte pressão do governo e de grupos de defesa anti-apostas.
Esse movimento não se restringe apenas à Inglaterra. Vários outros países já implementaram regulamentações mais rigorosas: a Espanha e a Itália, por exemplo, já impuseram proibições mais amplas, que restringem a publicidade de jogos de azar em quase todos os tipos de mídia e em todos os níveis do esporte. A Bélgica, por sua vez, implementou uma proibição total de publicidade para jogos de azar em 2023, com um período de transição.
Em resumo, a medida da FIFA para árbitros é parte de um movimento maior, e é provável que a discussão sobre restrições ainda mais abrangentes continue a ganhar força em diversas ligas e países.
O documento (na íntegra) pode ser acessado em: https://inside.fifa.com/official-documents
Abaixo, os pontos destacados, traduzidos:
“Durante as partidas organizadas sob a jurisdição de uma associação-membro, a publicidade de patrocinadores pode ser autorizada para as camisas usadas pelos árbitros. Toda publicidade de produtos relacionados ao tabaco, bebidas alcoólicas, narcóticos (ex: maconha) ou estabelecimentos de jogos de azar (cassinos ou casas de apostas) é estritamente proibida. Quaisquer slogans de natureza política, racista ou religiosa também são proibidos.
Durante as partidas que utilizam o VAR, a publicidade também é permitida dentro da sala de operação de vídeo (VOR) e no suporte do monitor na área de revisão do árbitro (RRA). Isso deve seguir os requisitos listados no parágrafo 1.
Tais medidas ajudam a proteger não apenas os árbitros, mas também a credibilidade e a integridade do nosso jogo.
Em caso de dúvidas em relação ao exposto acima, não hesite em contatar Jan Kleiner, Diretor de Regulamentação do Futebol, através do e-mail regulatory@fifa.org, ou Patrick Graf, Chefe de Administração de Arbitragem, através do e-mail Patrick.Graf@fifa.org.”
Rafael Porcari é professor universitário e ex-árbitro profissional (rafaelporcari@gmail.com)