Nos últimos 25 anos, desde o início do atual milênio, a Ciência e a Tecnologia têm avançado a uma velocidade cada vez mais rápida. O atual protagonismo da Inteligência Artificial é uma clara demonstração dessa vertiginosa realidade.
Sem dúvida, esses são avanços promissores principalmente em áreas vitais como Saúde e Aprendizado.
Com relação a este último, muito se falava sobre a “escola do futuro” como um ambiente repleto de telas interativas, robôs ensinando conteúdos complexos e inteligência artificial conduzindo o ensino. Mas o fato é que a verdadeira escola do futuro vai além da tecnologia. Ela nasce de um olhar mais humano e transformador, que reconhece a criança como um ser completo — com mente, corpo, emoções, identidade e histórias.
É preciso entender que a Educação tem o poder de transformar sociedades, quebrar ciclos de exclusão e abrir caminhos. Mais do que preparar para uma prova, a escola precisa preparar para a vida. Isso significa ensinar conteúdos, sim, mas também cultivar valores, desenvolver habilidades socioemocionais e oferecer um ambiente acolhedor e seguro, onde o aluno se sinta pertencente, respeitado e estimulado.
Hoje, nossas crianças e jovens estão crescendo em um mundo em que muitas das profissões do futuro ainda nem existem. Como preparar alguém para o desconhecido? A resposta está na formação de pessoas autônomas, criativas, empáticas e com capacidade de aprender continuamente. A escola do futuro é aquela que ensina a pensar, a questionar, a colaborar e a encontrar sentido no que se aprende.
Habilidades como inteligência emocional, educação financeira, cidadania digital, consciência ambiental, liderança, resolução de conflitos e projetos de vida passam a ser tão essenciais quanto saber interpretar um texto ou resolver uma equação. E isso não significa abandonar os conteúdos tradicionais, mas integrá-los a uma proposta pedagógica mais ampla, que ajude os alunos a se conhecerem, se posicionarem e agirem no mundo de forma responsável e ética.
A tecnologia, claro, tem papel fundamental. Tablets, plataformas digitais e ferramentas de inteligência artificial podem enriquecer o processo de aprendizagem, personalizar o ritmo do aluno e ampliar horizontes. Mas não substituem a presença humana, o vínculo afetivo entre professores e estudantes, a escuta atenta, o olhar sensível para as necessidades individuais e coletivas.
A escola do futuro não é futurista — ela é real, possível e urgente. Precisa começar agora. E ser, sobretudo, pública e de qualidade. É necessário investir cada vez mais na formação dos professores, em infraestrutura adequada, em políticas educacionais que valorizem o conhecimento e reduzam desigualdades.
Com certeza estamos avançando muito e muito mais rapidamente, com o emprego da IA em áreas vitais como a Ciência, a Medicina, a Agricultura e a Saúde, e o Aprendizado, entre tantas outras.
Mas, mais do que robotizada, a escola do futuro começa com o real entendimento do valor da educação, em seu esteio: cuidar, com afeto e propósito do maior patrimônio que uma sociedade pode ter, hoje como sempre: suas crianças e seus jovens.
Miguel Haddad é ex-prefeito de Jundiaí e ex-deputado federal