OPINIÃO

Água no Brasil é uma questão de Estado


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Lembro: A água que a direita, a esquerda, o centro e o centrão bebem é a mesma para todos, é a bebida mais democrática do mundo.

Nenhum país do mundo poderá ser chamado de nação se não prover o seu povo de água, de alimentos e de educação. Hoje, a falta de água no mundo está criando um mercado bilionário que tem atraído grandes empresas como GE, Siemens, Dow. A escassez de água está se tornando uma das maiores preocupações entre ambientalistas, políticos, empresários e executivos. A seca, a desertificação (entenda-se como falta de água) é fenômeno recorrente em diversos países, sendo o Brasil o mais perfeito exemplo disso, embora tenha nele o maior volume de água doce da terra e seja ainda banhado pelo segundo maior oceano do planeta - o Atlântico. Em relação à escassez de água, alguns países já tomaram providências, como Espanha, Região de Barcelona, Austrália, alguns estados americanos, China, Argélia, Israel, Oriente Médio, dentre outros.

Negócio mundial envolvendo água deve movimentar, até 2025 (hoje), o valor estimado de 730 bilhões de dólares. Em 2018, só com a aquisição de água engarrafada, gastaram-se quase 140 bilhões de dólares. Em 2007, com tratamento de água e esgoto, foram desembolsados 325 bilhões de dólares. Porém, importante saber que se calcula que, em 2025, cerca de 33% da população mundial ainda não tem água para beber ou para irrigar seus territórios.

Negócio com água, à parte. Água no Brasil é uma questão de Estado, não de governo. É uma questão estratégica. A seca é o secular problema do nordeste brasileiro, e, hoje, tal problema não é somente dessa região, infelizmente. O Nordeste é a terceira maior região do Brasil e a maior em número de estados, já que conta com nove (9) deles: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, e Sergipe.

Para prover água à população nordestina, tanto para a agricultura (irrigação) como para dar potabilidade - (água para beber), uma das alternativas está na construção de nove (9) usinas dessalinizadoras, uma por estado. O custo médio estimado por usina está em torno de 500 milhões de dólares, o que equivale a cerca de três (3) bilhões de reais. Nove usinas custariam aproximadamente vinte e sete (27) bilhões de reais.  
 
A seca no Nordeste brasileiro não é o único problema da região ou do país; mas, o fator inibidor para o desenvolvimento nacional. Solucionar esse problema pode não agradar aos donos dos currais eleitorais, ainda existentes neste país.

De onde virá o dinheiro para a construção dessas nove usinas dessalinizadoras?

O governo federal e até os estaduais, mesmo onde exista água, devem convocar os banqueiros deste País e até mesmo os de fora para financiarem esse projeto que tem custo aproximado de vinte e sete bilhões de reais.

Todos os dias assistimos na TV, ouvimos no rádio, lemos nos jornais, nas revistas e nas redes sociais sobre os resultados dos balanços dos nossos principais bancos, cujos lucros líquidos são verdadeiras fortunas. Nenhuma empresa nacional consegue lucros que possam ser comparados aos dos bancos. Os seis maiores bancos do Brasil tem lucro líquido total de R$ 150 bilhões.  

Então, se pagarem essa conta, eles juntos, desembolsariam cerca de 27 bilhões de reais, o que vale dizer 18% dos seus lucros líquidos de um ano apenas. Cada banco, em números absolutos, desembolsaria 4,5 bilhões de reais.

Construindo essas nove usinas, tornaríamos o Nordeste equiparado a uma nação, aí sim, poderíamos chamar o Brasil de uma verdadeira nação, não mais a do futuro, mas a do presente. Irrigaríamos o Nordeste inteiro, além da potabilização das águas para população.

Lembro também que o lucro gigantesco desses bancos é muito por contribuição direta também do referido povo nordestino, que paga as mesmas exorbitantes taxas cobradas do resto do país.

Vantagens da proposta:

1.     Ter um agronegócio superior em toneladas em relação ao Centro-Oeste e ao resto do mundo;
2.     Transformar-se num pólo tecnológico, até pela sua posição geográfica, bem mais próximo da Europa, África, México, Estados Unidos e Canadá;
3.     Ampliar a criação de empregos em escalas geométricas, gerando rendas e serviços;
4.  Ter a porta de saída para as pessoas deixarem de ser assistidas pelo Estado brasileiro, embora necessário para a realidade social em que vivemos;
5.     Contribuir muito para a melhoria da saúde pública, com saneamento básico;
6.     Triplicar o PIB nacional, dentro de cinco anos;
7.     Possibilitar que o Nordeste se torne o maior centro Universitário do Brasil;
8.     Resolver o problema de malha viária do Nordeste;
9.     Tornar o Nordeste, que já tem turismo forte, no maior pólo turístico nacional;
10.     Proporcionar a descontração do Polo Industrial Sudeste e Sul e Centro Oeste;
11.     Além do apoio dos Bancos, possibilitar que esse projeto seja desenvolvido por parceria pública- privada e por consórcios;
12.     Grandes Empresas Mundiais como: GE, Siemens, Dow podem ser atraídas;
 13.     Estimular e sustentar o desenvolvimento, melhorando o meio ambiente;
14.     Facilitar a Reciclagem – a capacidade de purificar a água já utilizada – iniciativa antes mais voltada para operações industriais e agrícolas, expandindo-se para o uso do consumidor final;
15.     O mais importante: ter o Nordeste inteiro irrigado, levando água potabilizada para a população, promovendo saúde, progresso, emprego, renda, educação, mobilidade urbana e rural, cultura, habitação, saneamento básico, turismo, ciência, tecnologia e universidades. Dentre outros benefícios – É viver a vida com dignidade.

Por isso são necessárias: vontade política, boa governança e vergonha na cara.

Oswaldo Fernandes foi secretário da Educação em Jundiaí
 

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