A imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelo presidente dos EUA, Donald Trump, foi recebida com indignação pelo governo brasileiro. A medida provocou uma reação articulada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com foco na defesa da soberania nacional. A situação é acompanhada de perto por atores políticos locais, que avaliam cada passo do caso.
Cíntia Vanessa Gomes, presidente do PSOL, vê com preocupação e indignação a postura de Donald Trump e sua ingerência em temas que dizem respeito ao Brasil. “Nosso país não pode e não deve se curvar diante de pressões externas dessa natureza, especialmente vindas de figuras que representam o que há de mais retrógrado e autoritário na política internacional. É necessário termos um projeto nacional que expresse soberania em termos socioeconômicos, ancorado em maior justiça social e econômica, tendo como horizonte um maior nível de autonomia científico-tecnológica, a articulação de setores econômicos estratégicos, proteção ambiental e defesa da democracia”, afirma.
Para o presidente do Podemos, Toninho Inácio: “A soberania de um país democrático é intocável e inegociável. Parece que sequestraram o Brasil e agora estão fazendo ingerências absurdas para ‘libertá-lo’. O que Donald Trump está fazendo beira a sandice. O governo brasileiro está propondo o diálogo com base em números, e não em bravatas”.
O presidente honorário do PSB, professor Oswaldo José Fernandes, avalia que Donald Trump é um jogador e está agindo para defender interesses comerciais, não para proteger Jair Bolsonaro. “A ameaça à soberania nacional é inaceitável. Não é o Donald Trump quem vai decidir o andamento dos processos brasileiros. O Supremo Tribunal Federal é independente, e o governo brasileiro não tem nada a ver com o processo de Bolsonaro. Isso é uma questão da Justiça, e Trump precisa entender o país com o qual está lidando”, comenta Fernandes.
Já Fernando Souza, presidente do PSDB, lamenta o fato de a decisão ser prejudicial à economia dos dois países, pois a elevação das tarifas encarece os produtos para o consumidor final e prejudica os exportadores, mas não vê a medida como uma ameaça à soberania. “As questões políticas, de ordem pessoal e ideológica, não mudarão a postura das instituições brasileiras, especialmente do Poder Judiciário”, explica. “É importante que o governo brasileiro e o governo americano estejam dispostos ao bom diálogo, com visão institucional e como estadistas. São duas nações importantes no cenário mundial, e seus líderes devem se atentar aos interesses dos países que representam, à frente de qualquer outro interesse”, completa.