OPINIÃO

A influência dos treinadores no Mundial de Clubes


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Em Copa do Mundo de Seleções, o que há de mais novo, inédito e polêmico espelha e repercute aos aficionados por futebol. No Mundial de Clubes, esse mesmo fenômeno se repete:

Se os árbitros exagerarem nos acréscimos, na primeira oportunidade que os campeonatos locais voltarem, os juízes daquele torneio farão a mesma coisa.

Se um treinador abdica do futebol-arte e cria o conceito de pragmático, outros imitam (em 1994, vimos o efeito Parreira contagiar o Brasil devido a conquista do Tetracampeonato da Seleção Brasileira). E por aí vai.

E é justamente sobre os treinadores que precisamos falar: vimos estilos contraditórios e polêmicos nesta edição da Copa do Mundo de Clubes. Exemplos:
1. Renato Paiva venceu o Paris-Saint Germain por 1x0, abdicando do jogo e tentando ganhar “por uma bola”. Foi exaltado e virou referência para alguns. Mas ao perder por 1x0 do Palmeiras... de herói a vilão com uma facilidade enorme. E perdeu o emprego...
2. Renato Gaúcho, desacreditado e ironizado, que sarcasticamente falava sobre “treinar na praia”, “jogar futevôlei ao invés de estudar”, e outras tantas tiradas cômicas, avançou bastante na competição.
3. Pep Guardiola, estudioso e referência para os demais, ao contrário, foi eliminado precocemente pelo Al Hilal.
4. Abel Ferreira, por fim, de tantos títulos no Brasil, especialmente na primeira fase, foi criticado por falta de variação tática. Mas chegou à frente de muitos concorrentes.

Quatro treinadores de quatro estilos diferentes e de comportamentos bem próprios. O vencedor do Mundial, certamente, vai influenciar muita gente. Simone Inzaghi, treinador da nova geração, declarou sobre a influência de Pep:

“Acredito que todo treinador que começa a treinar considera Guardiola uma inspiração. Houve futebol antes e haverá depois de Guardiola, mas ele desenvolveu uma nova filosofia e uma nova maneira de jogar. É o melhor treinador dos últimos 20-25 anos e é um grande exemplo para nós como técnicos.”

Em nosso país, as influências positivas e negativas dos treinadores em grandes competições ganham um elemento próprio: a questão dos modismos! Já repararam que temos fases?

A fase dos veteranos (onde vimos a volta de Felipão), a fase dos assistentes técnicos efetivados (vide Fábio Carille), a fase dos jovens treinadores (Thiago Carpini), e a mais duradoura: a dos treinadores estrangeiros (em destaque, a onda portuguesa). E essa é a mais complicada, pois vemos treinadores brasileiros (que precisam de atualização) perdendo espaço.

Prova disso são os nomes dos técnicos nas Eliminatórias da Copa do Mundo. Dos 10 envolvidos, 8 são argentinos e nenhum é brasileiro. Vide:
Argentina – Lionel Scaloni (Argentina)
Bolívia – Óscar Villegas (Bolívia)
Brasil – Carlo Ancelotti (Itália)
Chile – Ricardo Gareca (Argentina)
Colômbia – Néstor Lorenzo (Argentina)
Equador – Sebastian Beccacece (Argentina)
Paraguai – Gustavo Alfaro (Argentina)
Peru – Óscar Ibañez (Argentina)
Uruguai – Marcelo Bielsa (Argentina)
Venezuela – Fernando Batista (Argentina)
A questão é: o Brasil mudará seu cenário aos técnicos locais? O intercâmbio haverá? E principalmente: que lições o Mundial de Clubes estará trazendo aos treinadores iniciantes?

Rafael Porcari é professor universitário e ex-árbitro profissional (rafaelporcari@gmail.com)

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