OPINIÃO

Políticas públicas bem aplicadas e o sucesso do agro


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O governo anunciou na semana passada o Plano Safra 2025/2026, que destinará R$ 516,2 bilhões à agricultura empresarial. Este montante representa uma alta de 1,5% (R$ 8 bilhões a mais) em relação ao ciclo anterior. Desse total, R$ 414,7 bilhões irão para custeio e comercialização e R$ 101,5 bilhões para as linhas de investimento. Para a agricultura familiar, foram reservados R$ 89 bilhões.

Criado há 22 anos, o Plano Safra é um exemplo de política pública perene, estruturada e, por isso, bem-sucedida e tem contribuído para o sucesso do agro brasileiro. Ao institucionalizar, sistematizar e disponibilizar linhas de crédito com juros mais acessíveis para produtores rurais de todos os portes, dá previsibilidade e confiança para os investimentos, garantindo segurança alimentar, além de emprego e renda no campo.

Para a agropecuária, as perspectivas para 2025 são bem favoráveis, de crescimento de 6,3%, conforme o Ministério da Fazenda. No primeiro trimestre do ano, o setor avançou 12,2% em relação ao último trimestre de 2024. Este resultado foi puxado pela colheita recorde da soja, de 168 milhões de toneladas. No comparativo com o mesmo período de 2024, o crescimento foi de 10,2%.

O Brasil já  é o maior exportador mundial de soja, açúcar, café, suco de laranja, aves e bovino – e no milho disputa a liderança com os Estados Unidos. Graças à atuação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o país criou tecnologias inovadoras e multiplicou a área cultivável. Hoje é uma potência global, fornece alimentos para o mundo e desenvolveu a cadeia produtiva do agronegócio.

No atual conturbado contexto geopolítico e de guerra comercial, o Brasil pode ir ainda mais longe como exportador de alimentos. O setor já vem desbravando novas fronteiras. Em apenas dois anos, o país abriu cerca de 390 mercados, segundo o Mapa.

Além dos tradicionais grãos e carnes, itens como embriões, gergelim, erva-mate, sementes, noz-pecã e produtos de reciclagem animal, como penas de aves, agora integram a pauta internacional do agronegócio brasileiro, que deve encerrar 2025 respondendo por quase 30% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Hoje, o setor emprega 28,5 milhões de pessoas e responde por um quarto de todas as ocupações do Brasil, conforme o Boletim Mercado de Trabalho do Agronegócio Brasileiro do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA).

Por fim, o agro brasileiro está ficando fortemente tecnológico. Há em torno de mil startups voltadas para o setor, as chamadas agritechs, de acordo com levantamento realizado pela Liga Ventures em parceria com o Hub CNA Digital e a Bunge. Essas startups trazem soluções de biotecnologia, comercialização de insumos agropecuários, gestão e análise de plantio, agricultura de baixo carbono, entre outros temas.

O setor hoje usa Inteligência Artificial para fazer diagnósticos, previsões climáticas e otimização de recursos agrícolas. Na comercialização de commodities, utiliza tecnologia blockchain para garantir a segurança e agilidade das operações, bem como se vale de Big Data para fazer análise massiva de dados, provendo informações detalhadas sobre condições do clima, composição do solo e saúde das plantas.

Esta história de sucesso é fruto da união entre Pesquisa & Desenvolvimento, política pública bem aplicada, um setor privado arrojado, além de condições naturais favoráveis. Que sirva de inspiração para o poder público e outros setores.
 
Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)

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