OPINIÃO

O Banco de Leite Humano e as mães solidárias


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Se o nosso planeta fosse governado por mães e não por guerreiros, que mais uma vez - basta ver o noticiário - estão prestes a nos levar à um conflito de proporções inimagináveis, com certeza a realidade seria outra.

O Banco de Leite de Jundiaí - um dos primeiros do País - é uma singela prova disso: sua fundação, em 1998, se deu em função da percepção da Maria Rita como presidente do Fundo Social de Solidariedade, que, inteirada do drama das mães que não podiam amamentar seus filhos, levou à frente a sua implantação. Desde então, 16 mil bebês nascidos aqui foram beneficiados pelo leite doado por mães solidárias.

Antes dos Bancos de Leite as mães de prematuros ou hospitalizados não tinham a quem recorrer e as crianças nessa condição sofriam pela falta desse alimento essencial para os primeiros meses de vida. A sua implantação marcou uma nova fase para mães e pais desses bebês, que podiam então contar com o leite humano.

A doação concorreu para diminuir significativamente a mortalidade nessa faixa etária, vidas salvas graças à generosidade de mulheres que, ao amamentarem seus próprios filhos, decidiram compartilhar o excedente e oferecer a outros bebês a chance de se desenvolver com saúde. Para os prematuros, esse alimento se torna ainda mais vital: frágeis, com sistemas imunológicos incompletos, têm no leite humano uma verdadeira “vacina natural”, capaz de reduzir drasticamente a mortalidade e as complicações de um organismo em formação.

Por isso, o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida — e continuado até os dois anos ou mais, como alimentação complementar — é uma recomendação mundial. E quando a mãe, por algum motivo, não pode amamentar naquele momento, o leite doado por outra mulher é a melhor alternativa.

Ao ser acolhida e bem orientada, a mãe se fortalece, sente-se capaz e segura para seguir amamentando. Em muitos casos, ela se torna também uma doadora voluntária, multiplicando o cuidado com outras famílias.

Para se ter uma ideia da importância desse serviço, atualmente cerca de 50 recém-nascidos internados nas UTIs neonatais, recebem mensalmente leite doado pelo banco. A grande maioria são prematuros extremos, que nasceram antes do tempo ideal e dependem do leite humano para sobreviver, ganhar peso, evitar infecções e crescer com saúde.

A implantação do Banco de Leite marcou uma nova fase para mães, bebês e pais. Baseado inteiramente na solidariedade das mães, os seus resultados emocionam: Nos últimos anos, o banco viu um aumento expressivo - uma única doadora pode ajudar até 10 bebês em UTI com apenas um litro de leite - na quantidade de doações. Entre 2017 e 2024, o volume captado praticamente triplicou. Atualmente, a média mensal é de 150 litros de leite doado, resultado de campanhas de conscientização e engajamento da comunidade.

A história do Banco de Leite Humano de Jundiaí é marcada por compromisso, amor e solidariedade. São 27 anos de dedicação à vida, com uma rede formada por profissionais de saúde, mães doadoras, instituições parceiras e uma cidade que entende a importância de cuidar da infância desde os primeiros dias.

Mulheres que amamentam e produzem leite em excesso podem se tornar doadoras. Para isso, basta entrar em contato com o Banco de Leite Humano de Jundiaí, que orienta todo o processo de coleta domiciliar com higiene e segurança.

Doar leite materno é um gesto simples, mas poderoso. E, ao longo desses 27 anos, muitas vidas foram salvas graças a esse ato de amor. O Banco de Leite Humano de Jundiaí segue firme em sua missão, com olhos no futuro e coração aberto para continuar salvando vidas, gota a gota.

Para mais informações, procure a unidade do Banco de Leite Humano no Hospital Universitário de Jundiaí ou acesse os canais oficiais da Prefeitura.

Miguel Haddad é ex-prefeito de Jundiaí e ex-deputado federal

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