OPINIÃO

Soluções simples para o nosso Centro


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Sempre que me deparo com um problema que pode ser grande ou escabroso, de acordo com nosso ponto de vista, lembro de minha querida educadora musical Josette Feres: “reparta a partitura em pedaços. Enfrente cada um dele com tranquilidade e serenidade. De trecho em trecho, você terá sua música”.

Falo isso porque fui passear no Centro, outro dia, numa sexta de manhã, depois de uma gravação aqui nos nossos estúdios. Adivinhem: eu achei tudo bonito e nem tão feioso como apontam nossos encontros entre comerciantes e Prefeitura. Nosso Centro é lindo, cada esquina tem sua história, tem sua gente e inúmeras recordações.

Dito isso, fiquei pensando em tudo que tenho ouvido. Vocês querem saber? O Centro tem um jeito, que não precisa de outro projeto arquitetônico não. Só precisa de integração e boa vontade de diversos atores públicos.

Primeiro, é insuportável a sujeira das ruas, pelas manhãs, após os nossos moradores de rua abandonarem seus postos. E isso é fácil de resolver, basta uma lavagem todas as manhãs, assim como já vi em inúmeras capitais de nosso país. Além de esvaziarem as lixeiras duas vezes ao dia.

Depois, é preciso que o espaço total seja mais iluminado, com troca de lâmpadas e novos pontos. Por fim, segurança maciça e presente, assim como tenho visto na Capital, onde o Centro de São Paulo tem retornado, pouco a pouco, para a população. O governador Tarcísio de Freitas colocou maciçamente a polícia nas ruas do Centro para que a vida noturna refloresça. Vale também vans que saiam do Espaço Expressa direto para a rua do Rosário, evitando o alto custo dos estacionamentos.

Há uma outra situação que só vemos na Europa, que é a liberação - através de um Conselho e da Prefeitura - de atividades comerciais para o local. A gente não come nem bebe óticas. Eu estou trabalhando no Centro e preciso de um café e pão de queijo, gente. Quero uma lavanderia ao lado, uma loja de roupas bacana. Está na hora de ordenarmos os pontos comerciais em nossa cidade para que a economia não seja predatória e fiquemos reféns das atividades mais lucrativas.

Na administração de Miguel Haddad, a lei da Cidade Limpa valia. Fui buscar com o vereador Henrique Parra Parra a legislação de publicidade e adivinhem: temos uma lei prontinha e aprovada, basta a fiscalização fazer valer o nosso direito de ver nossas fachadas históricas recuperadas no quadrilátero central, como manda a lei. Pronto. 
Tiradas as faixas e fachadas de plástico, retornamos ao histórico. Assim como a pintura de qualidade dos casarões. Para que a especulação imobiliária local melhore, que tal incentivarmos atividades através de isenção de impostos. (E aqui faço um adendo: há vacância de imóveis porque os aluguéis são um absurdo).  

Não precisamos de um novo projeto arquitetônico. Precisamos que as leis sejam cumpridas com rigor. Precisamos de mais ação pública. Aos poucos, iremos voltando a caminhar à noite, incentivados pelas nossas maravilhosas atividades culturais. 
Cidades como Bogotá, Buenos Aires e outras no mundo todo revitalizaram seus centros, com mais atração de turistas e economia local. Chegou a nossa hora. #amooCentro

Ariadne Gattolini é jornalista e escritora. Pós-graduada em ESG pela FGV-SP, administração de serviços pela FMABC e periodismo digital pela TecMonterrey, México. É editora-chefe do Grupo JJ.  

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