OPINIÃO

Um projeto que se contrapõe ao equilíbrio climático


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Nesse espaço que a cada 15 dias escrevo, venho estudando e insistindo muito nos investimentos mínimos que a cidade não faz. Em meus dois últimos artigos, em que falo sobre os novos empreendimentos, seus impactos na cidade e a falta de legislação urbanística para controle e produção de uma paisagem para Jundiaí, aparece com evidência a questão da falta da arborização urbana e os aspectos climáticos que ela acarreta.

Em artigo do Jornal Valor Econômico, de 11 de abril, há a informação que, segundo a Organização Meteorológica Mundial, 2024 foi o ano mais quente em temperatura média desde o período pré-industrial.

No mesmo artigo que fala sobre as soluções sustentáveis que as cidades adotam para amenizar a crise climática, o coordenador de relações institucionais do Instituto Cidades Sustentáveis, Igor Pantoja, diz que “há uma série de soluções urbanísticas e arquitetônicas que são possíveis fazer incentivando projetos que contemplam mais iluminação e ventilação naturais, utilização de materiais que se adaptam melhor ao calor e até substituição de asfalto por pavimentos a base de cimento em ruas que estão se tornando ilhas de calor com o aumento das temperaturas”. E continua: “são medidas mais paliativas, mas que ajudam bastante se forem integradas a um plano de arborização eficiente”.

Jundiaí, assim como muitas cidades brasileiras, tem adotado diversas ações para mitigar os efeitos da crise climática. Algumas dessas iniciativas incluem: Planejamento Urbano Sustentável com a priorização de áreas verdes e preservação de recursos hídricos; programas de arborização com projetos de plantio de árvores em áreas urbanas;  gestão de resíduos com coleta seletiva e reciclagem (embora reciclar mesmo fazemos somente uma tonelada e meio por ano) e educação ambiental com campanhas de conscientização sobre a importância da sustentabilidade e o engajamento da comunidade em práticas ecológicas.

Quanto à pavimentação, já foram realizadas obras utilizando-se do concreto como alternativa ao asfalto. Na avenida Aristides Carra, que fez parte do programa Caminhos Sustentáveis de 2022, foram utilizados blocos de concreto para pavimentação.

Essas iniciativas visam não apenas melhorar a infraestrutura urbana, mas também contribuir para a mitigação dos efeitos da crise climática, promovendo práticas mais sustentáveis na construção e manutenção de vias.

Mas ainda há recursos gastos que poderiam ser utilizados de forma a contribuir com uma urbanização mais objetiva de combate à crise climática. A exagerada obra de ponte estaiada que está sendo construída para transpor o Rio Jundiaí e a avenida Luiz Latorre é o maior exemplo de equívoco urbanístico. A um custo de 60 milhões, e um total de cerca de 150 milhões, ainda precisará de mais investimentos para ser concluída. Um equívoco, porque outros recursos e projetos poderiam ser realizados. Não encontrei em nenhum site ou projeto que mostre que a ponte estaiada foi uma decisão democrática, ouvindo o povo. Os equívocos maiores sempre vêm de uma decisão monocrática.

Eduardo Carlos Pereira é arquiteto e urbanista (edupereiradesign@gmail.com)

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