
O Paulista FC e a Exa Capital seguem em negociações para concretizar a venda da SAF do clube, aprovada por unanimidade pelos associados em novembro de 2024, em Assembleia realizada no Estádio Dr. Jayme Cintra. Desde então, as partes trabalham na renegociação das dívidas do clube, estimada em R$ 87 milhões, mas esbarram em um entrave com o Banco Fator.
De acordo com uma fonte próxima ao clube, o maior entrave hoje é a dívida do Paulista com o Banco Fator, que representa mais de 70% do valor total da dívida. “A Exa Capital já negociou grande parte de todas as dívidas, inclusive com ex-jogadores. A grande maioria que tinha pendências com o Paulista acabou aceitando a renegociação. Quem não está sendo nada flexível até agora é o Banco Fator. Inclusive a Exa já fez propostas para quitar, mas hoje essa é a maior dívida que o clube tem. As dívidas trabalhistas são grandes,mas dentro de números aceitáveis, a dívida com o banco é gigantesca”, revelou a fonte ouvida pelo JJ, que preferiu não se identificar.
Ainda segundo o entrevistado, dos R$ 85 milhões, cerca de R$ 60 milhões são dívidas com o Banco Fator. “No clube existem documentos que mostram, no entendimento do Paulista, que essa dívida já foi paga umas quatro, cinco vezes, porque ‘os caras’ [sic.] pegaram nossos jogadores de graça”, disse.
OTIMISMO
Com todo esse impasse e as dificuldades enfrentadas, a fonte acredita que a negociação entre o clube e o banco irá parar na Justiça, mas mantém o otimismo de que a SAF será concretizada e que a Exa Capital não irá abandonar o barco. “Sem dúvidas esse entrave dificulta a SAF, mas vale destacar que a Exa Capital afirmou que vai assumir [o clube] independente do acordo ou não com o banco. Sei que eles estão se reunindo com o Banco Fator semanalmente, mas está difícil mesmo. Até agora nada de chegar em um acordo. Também há o entendimento que se trata de uma dívida que ou a Exa paga ou ninguém paga, porque o clube não tem dinheiro. Todo mundo achava que seria uma dívida ‘perdida’, quando os bancos fazem uma proposta bem abaixo depois de alguns anos, mas não foi isso que aconteceu. O banco está sendo inflexível com as debêntures. Estão forçando a barra para receber o máximo possível que eles acham que tem. A Exa já chegou a oferecer até R$ 20 milhões e não teve acordo, mas a SAF vai acontecer sim, temos esperança”, concluiu.
Assim como a fonte acima ouvida pelo JJ, o advogado Fernando de Souza, que foi o interlocutor que aproximou o empresário da Exa Capital ao Paulista, também demonstrou otimismo pelo acordo e afirmou que todos os passos necessários para o avanço da concretização estão seguindo aquilo que foi pactuado entre o clube e o investidor. “Não se conquista avanços sem um árduo trabalho e sem um bom planejamento e, neste sentido, tenho visto muito empenho de ambos lados, desde o início das tratativas. A diretoria do Paulista tem feito um trabalho exemplar na gestão do clube e a Exa Capital um planejamento muito seguro para o futuro do nosso querido Galo. Esperamos que o fruto dessa parceria possa ser a volta do Paulista ao patamar que jamais deveria ter deixado, ou seja, a elite do futebol paulista e brasileiro. Quem gosta do Paulista e defende essa camisa, está na mesma torcida”, afirmou o advogado.
Inicialmente, o prazo para a Exa Capital concretizar a compra e assumir integralmente o clube era maio deste ano, de acordo com fontes próximas ao clube. Porém, ao ser procurado pela reportagem hoje (3), o Paulista não informou o prazo e afirmou que “todos os esforços da diretoria executiva estão focados na reta final de disputa da Série A4 do Campeonato Paulista, cuja partida de volta das quartas de final será realizada neste sábado (5), às 15h, em Taubaté. O departamento jurídico do clube segue trabalhando internamente pela renegociação das dívidas”, disse o Paulista, em nota.
PAULISTA X BANCO FATOR
O primeiro contato entre o Paulista e o Banco Fator aconteceu em 2007, quando a entidade financeira fez um aporte financeiro ao Paulista de R$ 5 milhões para a execução de um projeto chamado Campus Pelé, que investiria nas categorias de base e em melhorias na estrutura, além de auxiliar na administração do clube.
Na prática, a instituição comprou boa parte de jogadores das categorias de base do Paulista e tinha a intenção de transformar o Galo de Jundiaí em modelo de formação de atletas. Porém, por inúmeras razões, o projeto não vingou e, dentro de campo, o Galo caiu da Série B para a Série D do Campeonato Brasileiro em dois anos.
O Jornal de Jundiaí entrou em contato com o Banco Fator por e-mails, telefone e redes sociais, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno. A reportagem também contatou a empresa Exa Capital, via assessoria de imprensa, que também não retornou no prazo.