ECONOMIA

Juros altos travam Jundiaí e aumentam o peso no bolso

Por Redação |
| Tempo de leitura: 3 min
Jornal de Jundiaí
Ana Claudia Oliveira diz que não percebe mudanças no cenário econômico e acredita que é preciso correr atrás para ver melhorias
Ana Claudia Oliveira diz que não percebe mudanças no cenário econômico e acredita que é preciso correr atrás para ver melhorias

O cenário econômico brasileiro, marcado por juros altos e instabilidade, já afeta diretamente a rotina dos moradores de Jundiaí e preocupa entidades empresariais da cidade. A taxa Selic elevada tem travado investimentos, dificultado o acesso ao crédito e impactado o comércio local, segundo representantes de setores estratégicos da região.

De acordo com Edison Maltoni, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e do Sincomercio Jundiaí, “os juros altos estão impactando significativamente a vida das pessoas em Jundiaí e em todo o Brasil. A economia trava, os investimentos diminuem e o desemprego, que dava sinais de recuperação, muda de direção”. Ele afirma que acompanha de perto os reflexos desse cenário na cidade e desenvolve ações para apoiar lojistas e consumidores.

“Essa realidade influencia diretamente o consumo, gera desconfiança nos negócios e atrapalha o crescimento econômico. É um olhar que exige atenção redobrada”, completa Edison Maltoni. A CDL tem promovido encontros, campanhas e palestras com profissionais especializados, além de usar canais como revista, site e redes sociais para orientar o setor sobre estratégias de superação.

A visão pessimista se reflete também no mercado imobiliário. Eli Gonçalves Ferreira Junior, vice-presidente da Proempi, explica como o crédito mais caro interfere diretamente no acesso à moradia: "a taxa de juros de financiamento imobiliário afeta o preço final do imóvel, inflacionando o mercado”. Ele exemplifica: um imóvel de R$ 500 mil, com 70% financiado, exigiria renda familiar de R$ 11 mil com juros de 8% ao ano. Com a taxa atual de 12%, essa exigência sobe para R$ 15 mil.

Na tentativa de orientar os consumidores, foi lançada a Calculadora Imobiliária da Classe Média disponível gratuitamente com dados atualizados sobre os preços dos imóveis na região.

Já Marcelo Cereser, diretor titular do CIESP Jundiaí, destaca o efeito dominó causado pelos juros elevados. “Encarecem o crédito, comprometem o consumo das famílias e dificultam a vida do pequeno empreendedor, que muitas vezes depende de capital de giro”, destaca. Ainda, segundo ele, o resultado é uma desaceleração econômica sentida no bolso do cidadão. “O salário permanece o mesmo, mas o custo de vida aumenta, principalmente com a alta nos alimentos e serviços básicos”, explica Cereser.

Ele também critica a falta de coordenação entre as políticas econômicas do governo e as ações do Banco Central. “Enquanto um estimula o consumo, o outro freia com juros. O resultado é uma economia sem direção, e quem paga a conta é a população”, diz.

Essa percepção é compartilhada por muitos brasileiros. Uma pesquisa Datafolha publicada pela Folha de S.Paulo em 6 de abril de 2025 revela que 61% da população acredita que a economia está no caminho errado. 

Entre os jovens de 16 a 24 anos, esse número sobe para 71%. Apenas 33% dos entrevistados esperam uma melhora nos próximos meses, enquanto 37% acreditam que a situação permanecerá igual e 28% preveem piora.

Nas ruas de Jundiaí, o pessimismo convive com a tentativa de manter o otimismo. Ana Claudia Oliveira avalia que “não mudou nada. Tudo sempre igual. Se você não correr atrás, nada melhora. A esperança é que melhore, mas parece que só melhora para os políticos”.

Já a dona de casa Elza Maria dos Santos diz que sente o impacto nas compras do dia a dia: “melhorou um pouco, mas as coisas estão caras. Temos que comprar para sobreviver. Ainda não precisei cortar nada, mas conheço muita gente que teve que escolher entre itens essenciais”.

Enquanto os números mostram uma economia em compasso de espera, a vida segue — apertada, planejada e cheia de incertezas. E, em meio aos desafios, entidades e moradores buscam, cada um à sua maneira, um caminho para atravessar a maré dos juros altos.

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