OPINIÃO

A transformação dos códigos comunicacionais


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A relatividade tomou conta do mundo, que se encontra em um oceano de águas turbulentas. É palco da vida vista através das lentes de um celular. Os dedos ativos impacientes e ansiosos do interlocutor na busca pela próxima mensagem, imagem ou conteúdo, seja lá qual for a natureza, vem redefinindo valores, comportamentos e a forma como nos comunicamos. Emojis, memes e gírias digitais emergem como novos códigos comunicacionais, exigindo que marcas e líderes entendam essas linguagens para estabelecer um diálogo relevante.

A transformação digital tem remodelado a comunicação em todos os aspectos. A forma como nos expressamos, até os valores que norteiam nossas interações no ambiente digital, apresenta desafios únicos para a comunicação assertiva e eficaz. Com a ascensão das redes sociais, aplicativos de mensagens instantâneas e plataformas digitais, os modelos tradicionais perderam o prazo de validade e novas formas de expressão estão sendo testadas à medida que novos cenários se apresentam, na tentativa de capturar a atenção das pessoas, gerar likes e engajamento.

No rebote dos avanços tecnológicos vieram as transformações sociais, culturais e comportamentais. O impacto dessa mudança é sentido em diversas esferas da vida, alterando como consumimos e interagimos com o mundo ao nosso redor, bem como o que pensamos e dizemos. Hoje ganharam formas criativas e veículos que privilegiam a imagem. Houve impactos na saúde mental, como o aumento de casos de ansiedade e depressão, especialmente entre os mais jovens. No ambiente profissional, a transformação digital exige adaptação contínua e atualização de habilidades, mas também aumenta o risco de esgotamento e a pressão por resultados rápidos.

A necessidade do “pra já”, momentâneo e frugal tem frequentemente gerado mensagens fragmentadas e massivas. Contraditoriamente, tendem a abordagens que demonstrem afetividade para impactar e se aproximar do público, mas se dissipam rapidamente, muitas vezes, sem deixar marcas significativas. Conexões que surgem e desaparecem com facilidade, influenciadas por circunstâncias momentâneas.

A fragilidade humana vem sendo exposta cotidianamente nas entrelinhas das mídias sociais. Diante de tantas incertezas, influências externas, descompromisso com o outro e consigo, sem o fortalecimento de vínculos, tornaram as relações emocionais superficiais e as conexões passaram a se basear em interesses passageiros, atração efêmera ou busca por satisfação imediata.

“É preciso ter o caos dentro de si para dar à luz a uma estrela dançante”. Se levarmos em consideração essa frase do filósofo Friedrich Nietzsche (1883) temos a chance de planejar cenários positivos para uma sociedade mais colaborativa e consciente, desde que possamos equilibrar o uso da tecnologia e voltarmos a valorizar as relações humanas – “não faço para o outro o que não quero para mim”. Investir em educação emocional e inteligência digital será essencial para preparar as próximas gerações para um mundo cada vez mais interconectado.

Reflexão. É essencial refletir sobre o papel de cada um na construção desse futuro. As respostas que tanto buscamos está dentro, na essência adormecida no abissal do universo que habita dentro de cada ser. É preciso compreender que pequenas mudanças de atitude no presente podem moldar uma sociedade mais equilibrada e saudável.

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora
(rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)

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