Nos dias de hoje, o fluxo de informações nas redes sociais é constante e dinâmico. Compartilhamos conteúdos com o intuito de informar, educar e, principalmente, agregar valor às pessoas que nos acompanham. No entanto, nesse caminho, podem ocorrer equívocos. Recentemente, ao produzir um vídeo em que falei sobre os benefícios da música no tratamento de Alzheimer, fui gentilmente corrigido por uma profissional da área da saúde. O esclarecimento recebido foi valioso, e decidi dedicar este espaço para me retratar, esclarecer e aprender com essa experiência, buscando compartilhar o conhecimento correto sobre a musicoterapia.
A publicação em questão abordava o uso da música como ferramenta de estimulação cognitiva para pessoas com Alzheimer, um tema de grande relevância, especialmente para aqueles que convivem com essa realidade no dia a dia. No entanto, cometi o erro de utilizar o termo "musicoterapia" de forma inadequada, sem considerar a especificidade dessa prática e o seu caráter profissional regulamentado.
Fui abordado de forma extremamente educada por uma musicoterapeuta que me trouxe uma informação crucial: o termo musicoterapia se refere exclusivamente à atuação de profissionais graduados nesta área. Essa atividade é uma profissão da área de saúde, regulamentada por lei, que exige formação específica e capacitação técnica para ser exercida. Não se trata apenas do uso da música de maneira genérica, mas de uma prática clínica, estruturada e com bases científicas, que visa a promoção de saúde, bem-estar e qualidade de vida.
Essa observação me trouxe à reflexão sobre a importância de *respeitar os limites entre práticas leigas e as áreas regulamentadas da saúde*. Profissões como a musicoterapia possuem um campo de atuação definido, que não deve ser confundido com o uso informal ou recreativo da música, por mais benéfico que este possa ser em contextos cotidianos.
A musicoterapia não é uma prática nova. No Brasil, sua presença remonta à década de 1970, mas foi apenas em 2022 que a profissão foi oficialmente regulamentada por lei. Isso trouxe reconhecimento e segurança jurídica para os profissionais da área, além de fortalecer a importância da formação acadêmica e o desenvolvimento contínuo da prática.
O musicoterapeuta é um profissional de saúde que utiliza a música de forma terapêutica, embasado em estudos científicos e métodos específicos, com o objetivo de tratar e reabilitar pessoas com diferentes condições clínicas, físicas e emocionais. No contexto de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer, por exemplo, o trabalho do musicoterapeuta pode auxiliar na estimulação cognitiva, no controle de emoções, na promoção do bem-estar e na melhoria da qualidade de vida do paciente.
A música, por si só, tem um impacto significativo nas emoções, na memória e até na cognição das pessoas. Não há dúvidas de que atividades que envolvam música podem ser extremamente benéficas em diversos contextos, tanto individuais quanto coletivos. No entanto, quando falamos de musicoterapia, estamos nos referindo a uma intervenção terapêutica planejada e conduzida por um profissional especializado.
A musicoterapia envolve avaliação, definição de objetivos terapêuticos e o uso de técnicas que visam tratar questões físicas, emocionais, cognitivas e sociais. Não é simplesmente tocar uma canção favorita ou usar música de fundo para relaxar — trata-se de um processo terapêutico profundo, com foco em resultados específicos para a saúde do paciente.
Ao receber essa correção, refleti também sobre o impacto que o conteúdo compartilhado em redes sociais pode ter. Com a facilidade e a velocidade com que as informações circulam, é nossa responsabilidade garantir que as informações sejam corretas e fundamentadas. Como alguém que compartilha conhecimento com um público expressivo, compreendo que *a visibilidade é um fator que demanda atenção redobrada*. O alcance de uma informação incorreta pode gerar mal-entendidos e desinformação, algo que todos devemos evitar.
Foi por essa razão que, ao perceber meu equívoco, decidi me retratar publicamente e aproveitar o momento para trazer à tona o conhecimento correto, contribuindo para que o público tenha uma compreensão adequada sobre o papel e a importância da musicoterapia. O aprendizado é contínuo, e nossa responsabilidade enquanto comunicadores é compartilhar o conhecimento da maneira mais precisa e ética possível.
A musicoterapeuta Silene Jacinto que gentilmente me corrigiu, por exemplo, atua em um campo desafiador e sensível, como o cuidado com idosos e pacientes em cuidados paliativos. Seu trabalho, assim como o de muitos outros profissionais da saúde, é fundamental para proporcionar qualidade de vida, alívio de sintomas e conforto para aqueles que mais precisam.
Essa experiência me fez refletir sobre a importância de manter o compromisso com o *aprendizado diário* e a *replicação do conhecimento correto*. Como comunicadores, profissionais de saúde ou qualquer pessoa com visibilidade, temos a responsabilidade de buscar sempre a precisão nas informações que compartilhamos.
Retratar-se e corrigir um erro é uma oportunidade de crescimento. O conhecimento é, de fato, diário, é nosso dever replicar informações de forma responsável, sempre valorizando os profissionais que dedicam suas vidas a cuidar da saúde e bem-estar dos outros. A musicoterapia é uma área de enorme valor e merece ser tratada com o respeito e a seriedade que sua prática exige.
Edvaldo de Toledo é empresário, enfermeiro, especialista em Gerontologia e Geriatria, Criador da Cuidare e Diretor de Saúde do Município de Pedra Bela. (atendimento@edvaldodetoledo.com.br)