Os bens artísticos, os monumentos, obeliscos e marcos são instrumentos que veiculam e fazem parte da memória de uma cidade. E esta memória tem de ser preservada, porque ela tem sempre algo a dizer, situar e referendar o presente. É a efetividade da preservação de uma parte tão importante das nossas lembranças, principalmente, do registro vivo da história da cidade.
Jundiaí alcançou, com um projeto anterior de revitalização do seu Centro Histórico, uma conquista de êxito. A “descoberta” das fachadas de seus prédios e sua restauração, as calçadas foram conservadas, pontificou um marco extraordinário de preservação cultural e de identidade de sua gente.
No entanto, este tempo foi ingrato para com a vida noturna do Centro Histórico. Com a descoberta de novos setores mais atrativos na cidade, o local perdeu sua identidade. Há de se ter um olhar ampliado para as necessidades do local, com a proposta de atribuir as vocações cabíveis a cada uma de suas vias e praças. A cidade vê com bons olhos esta esperada revitalização. Entregue a pedintes e moradores de rua, o Centro perdeu muito o brilho e a movimentação calorosa de um público mais alegre. Gente que ali sempre encontrou os prazeres simples da vida. Fecharam-se os cinemas, os bares e restaurantes desceram as portas. A nossa imponente Catedral, casa de Deus, tem horário para rezar, cercada de grades de proteção. Com a certeza desta requalificação, por certo, seduzirá uma nova movimentação pública, surgirão novas lanchonetes, bares e restaurantes. As lojas do comércio, estas sim, deverão abandonar suas portas de aço pichadas, para exporem suas belas iluminadas vitrinas coloridas. Haverá uma concorrência salutar e benéfica. Os prédios públicos, como o Museu Solar do Barão e Centro das Artes, retomarão sua coletividade cativa às suas atrações e eventos culturais assíduos.
E muitos proprietários de imóveis nesta área hão de entender este momento, e somar atitudes de conservação do seu belo patrimônio.. O Centro de nossa cidade merece uma atenção digna de sua história. A sua característica urbanística deve ser mantida, mas com o abandono da indiferença, hoje existente. As ideias surgem de todos os lados e já se respira um quadro mais saudável, com mais iluminação, mais flores e mais segurança. Tenho a plena convicção que os jovens administradores da cidade, Gustavo Martinelli e Ricardo Benassi, consagrados pela maioria do voto popular, filhos da terra, terão seus olhos ampliados ao nosso centro histórico. É tudo parte de ousar e expandir os horizontes de uma grande cidade. A administração que sente o anseio e segue os impulsos da vida não deve ter medo. Que Deus lhes poupe o sentimento do medo. Disposição para acreditar é um dos traços mais nobres do espírito humano. O coração da cidade deve palpitar de orgulho e honra, não só daqueles que fizeram a sua grandeza, mas todos nós, que temos orgulho de viver aqui. Caminhemos em frente.
Guaraci Alvarenga é advogado (guaraci.alvarenga@yahoo.com.br)