OPINIÃO

PIB de 2024 traz boas e más notícias


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O Produto Interno Bruto (PIB) registrou elevação de 3,4% em 2024. Embora ligeiramente abaixo do projetado pela Fiesp e pelo mercado (crescimento de 3,5%), o índice divulgado na semana passada é um dado muito positivo. Este resultado coloca o Brasil na 16ª colocação no ranking de maior crescimento entre os 60 países que já anunciaram o PIB, no qual as economias asiáticas figuram nos primeiros lugares.

A indústria, que avançou 3,3%, e o setor de serviços, que cresceu 3,7%, puxaram a alta do PIB. A agropecuária, por sua vez, caiu 3,2%, influenciada por fatores climáticos, como chuvas e seca, que impactaram culturas importantes como soja e milho.

O forte dinamismo do mercado de trabalho marcou o crescimento da economia brasileira no ano passado. A taxa de desemprego terminou 2024 em 6,2%, menor percentual verificado neste período do ano desde o início da série histórica, o que contribuiu para a elevação dos salários.

Além disso, a renda das famílias foi alavancada pelas transferências governamentais, incluindo benefícios assistenciais e previdenciários. As estimativas da Fiesp são de que a massa salarial ampliada tenha tido crescimento expressivo, de 7% acima da inflação no ano passado.

A indústria de transformação, especificamente, teve um desempenho notável, crescendo 3,8%, após dois anos seguidos de queda (-0,5% em 2022 e -1,3% em 2023). A retomada foi favorecida pelo bom desempenho da produção de bens de capital e de bens de consumo duráveis, que cresceram, respectivamente, 9,1% e 10,6%, em 2024.

A primeira categoria foi beneficiada pela expansão do crédito e pela recuperação da confiança dos empresários, o que contribuiu para a retomada dos planos de investimento das empresas. Já a categoria bens de consumo, além do crescimento do crédito, também se valeu da ampliação da renda. O consumo das famílias registrou alta de 4,8% em relação a 2023.

O setor manufatureiro também foi impactado positivamente pela recuperação dos investimentos. A formação bruta de capital fixo (FBCF) cresceu 7,3% em 2024, depois de cair 3% em 2023. O destaque foi o segmento de máquinas e equipamentos.

O último trimestre do ano, porém, registrou desaceleração acima do esperado. O PIB cresceu apenas 0,2%, abaixo da projeção da Fiesp (+0,5%) e da expectativa mediana do mercado (+0,4%). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que calcula o índice, considera até 0,4%, para mais ou para menos, estabilidade.

Neste período, houve queda no consumo das famílias, que sentiram o peso da inflação, principalmente de alimentos. Também os juros altos parecem começar a fazer efeito sobre a atividade econômica. Os serviços e a indústria andaram de lado, com discreto avanço de 0,1% e 0,3%, respectivamente. E a agropecuária registrou queda de 2,3%.

Com isso, o cenário de desaceleração do PIB deve prosseguir este ano, em função, em grande medida, da política monetária que segue contracionista, das condições financeiras mais restritivas, do menor impulso fiscal esperado para os próximos trimestres e do cenário global mais adverso.

A Fiesp mantém a projeção de crescimento de 2% do PIB em 2025 – o Ministério da Fazenda, sempre mais otimista, projeta avanço de 2,3%. Se a expectativa da Fiesp se concretizar, a taxa trimestral de crescimento médio deste ano será da ordem de 0,3%, enquanto em 2024 foi de 0,8% por trimestre.

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)

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