“A gente deveria aprender a dançar, é importante para nós!” - falou minha esposa, me olhando com seus olhos grandes e azuis, enquanto tomávamos café no domingo de manhã.
Estava muito correta, pois, além da diversão, dançar é uma forma de extravasar a expressão corporal de cada um que, por sua vez, é uma das vias de realização do indivíduo, ao lado da própria sexualidade, da espiritualidade, dos relacionamentos e mesmo da profissão.
Caso estas vias não estejam todas “resolvidas” ao menos em algum grau, vamos sentir que algo está faltando apesar do nosso sucesso em algumas áreas.
A partir dessa conversa com a minha esposa que contratamos o Rubens, nosso professor de dança, fazendo nossas sextas à noite começarem com um arrastar de móveis para liberar espaço na nossa sala e terminassem em música, contagem de tempos e “cambrés”.
Dance bem ou dance mal, o importante é que se lide bem com “bailes da vida” e nos sintamos confortáveis com a nossa própria expressão nesse “canal”. Como leitor já desconfia, isso não vale somente para a dança.
Quando nos inserimos em uma sociedade, é natural que as pessoas tenham expectativas sobre nós, que tentem nos classificar segundo suas próprias projeções. Isso é esperado e até mesmo inevitável em qualquer sistema social.
A partir destas demandas, temos que nos posicionar e escolher os nossos próprios caminhos, segundo a nossa vontade. Mesmo a nossa escolha sendo socialmente bem aceita é importante que ela represente o melhor da nossa consciência e com a liberdade que dela deriva.
Quanto mais exercitamos a nossa expressão, de forma mais ampla, ficamos cada vez mais efetivos conhecedores de nós mesmos, correndo menor risco de assumir sonhos e aspirações que não são verdadeiramente nossas e nem fazem sentido no contexto da nossa da própria vida.
Certas patologias que cursam com um descontrole da secreção hormonal podem ter parte da sua gênese em uma demanda originária do nosso subconsciente que se incomoda pelas das nossas atitudes diante de assuntos e formas de expressão não contempladas satisfatoriamente.
Como exemplo cito a endometriose, frequente no meu consultório, onde o equilíbrio entre sistema nervoso e hormonal é fundamental para um tratamento adequado. Dentre as minhas pacientes é comum questões e incertezas sobre a maternidade, envolvendo medos e culpas, algumas vezes questionando o próprio valor como mulher. Um absurdo.
Incentivo muito a elas aproveitarem o processo de tratamento para que se entendam e se fortaleçam diante da maternidade. Independentemente da posição que escolham assumir diante desta via de expressão tão particular do feminino, é importante que a escolha gere paz no nosso subconsciente e não macule o amor-próprio.
Mulheres são naturalmente fantásticas e completas sendo elas mesmas e não necessitam responder às demandas do que deve ou não ser feito com relação a qualquer aspecto da sua vida. Devem, sim, sentir-se acolhidas e seguras em qualquer caminho que escolham.
Para se sentir à vontade nos bailes e festas, aulas de dança. Para se sentir à vontade na sua própria vida, autoconhecimento. Recomendo ambos.
Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura e conformação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)
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Maria Cibele 07/03/2025É preciso ter jogo de cintura tanto na dança de salão quanto na dança da vida