Já com o prenúncio do fim da segunda guerra mundial, que ocorreu em 1945, cerca de cem países se reuniram na cidade americana de Bretton Woods e foi criado o FMI – Fundo Monetário Internacional e o BIRD – Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento – Banco Mundial.
O primeiro para restabelecer e fortalecer o comércio mundial, condição fundamental para o crescimento global, pelas condições intrínsecas de interdependência e complementariedade.
O segundo, como iniciativa, para reconstruir a Europa, combalida pela guerra que destruiu grande parte de sua infraestrutura.
Ao término do conflito, os Estados Unidos emergiram como a grande potência militar e econômica, e o dólar como sendo a principal moeda de curso internacional, o que prevalece até os dias atuais.
Nos últimos cinquenta anos, aproximadamente, os Estados Unidos, em suas transações com o resto do mundo, tiveram déficits comerciais em seus balanços de pagamentos e, internamente, também déficits orçamentários. A dívida interna foi crescendo, estando próxima de 100 % do seu PIB – Produto Interno Bruto e, no setor externo, seus déficits provocaram o esvaziamento do estoque de ouro no Fort – knox, além de grande cunhagem de dólares, para pagar os credores.
Ainda assim, Wall Street continua sendo o principal centro financeiro do mundo e o dólar, ainda mantendo a sua hegemonia. Até quando?
O arguto presidente Americano, Donald Trump, sabe perfeitamente que o seu país não pode continuar, indefinidamente, tendo os dois déficits que, em algum momento da história, a atual condição de maior economia do mundo, poderá ser perdida para a China e a hegemonia do dólar ceder lugar para o Yuan chinês.
No livro “O Fim da Influência”, dos americanos Stephen S. Cohen e J. Bradford Delong – Editora Évora, os autores fazem uma análise da trajetória da economia americana, enfatizando que se não ocorrer alterações em seu curso, inevitavelmente, haverá a queda do dólar, como padrão mundial.
Neste ano, Donald Trump, iniciou uma série de medidas, objetivando matar dois coelhos com uma só cajadada:- reduzir o déficit orçamentário do Setor Público e no front externo, suprimir os déficits na Balança Comercial e, para isso, vem retomando, em parte, a ideia central dos mercantilistas dos séculos XVI e XVII, de estimular as exportações e impor tarifas às importações, para obter superávits comerciais.
Acontece, porém, que em um processo de causa e efeito, os parceiros comerciais, que sofrerão perdas em suas exportações, já estão se posicionando para imposição de medidas também protecionistas, o que provocará um retrocesso no comércio mundial e no crescimento econômico global.
Há ainda, um grande, porém que precisa ser considerado por Trump. A China, segunda maior economia mundial, vem estrategicamente, trabalhando, com sucesso, o acordo da "rota da seda”, que já tem cerca de cento e quarenta países signatários que, nessa trajetória, recebem da China investimentos em saneamento básico e infraestrutura, além de financiamentos para projetos desses países, mas, aos mesmo tempo, aumenta para eles as suas exportações. Dessa forma, amplia a influência de sua diplomacia junto aos seus parceiros comerciais.
Se os Estados Unidos caminhar para uma retórica de choques externos em seus negócios, sabe-se que a China, ao contrário, vem envidando esforços de aproximação e confiança.
É importante lembrar que, a partir de Mao Tsé-Tung, até o presente, a China tem nas relações econômicas internacionais, como pedra fundamental de sustentabilidade para o seu crescimento econômico.
Messias Mercadante de Castro é professor de economia, Membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas (messiasmercadante@terra.com.br)